O alto escalão do Grupo Pão de Açúcar estará, ao longo desta semana, debruçado sobre o planejamento estratégico de 2009, um ano que deve ser emblemático para a companhia. A varejista quer retomar no ano que vem um plano agressivo de expansão, que inclui a abertura de um número recorde de 100 novas lojas, depois de amargar um austero jejum de investimentos e passar por um profundo corte de custos em 2008.
O contrato do consultor Claudio Galeazzi termina em dezembro de 2009, quando se espera que a companhia nomeie um presidente executivo com foco estratégico. E a escolha deve ser feita entre os nomes da casa. Galeazzi está à frente da "readequação" - como ele próprio define - do Grupo Pão de Açúcar desde dezembro de 2007 e conseguiu promover programa de cortes e revisão de custos considerado bem-sucedido pelos analistas de investimento.
Justamente por isso, a saída de Galeazzi passa agora a ser motivo de preocupação. "O meu contrato possui uma missão bem clara até 2009: fazer com que a empresa volte a crescer de forma sustentável, em cima de uma base sólida", afirma Galeazzi. Para sucedê-lo, diz o consultor, o executivo mais adequado deveria ter expertise tanto em varejo quanto na área financeira. "O equilíbrio (entre os dois lados) é importante".
O consultor admite que foi doloroso para o Grupo Pão de Açúcar aceitar a redução nos investimentos neste ano, principalmente porque os concorrentes como o Wal-Mart e o Carrefour anunciaram planos importantes de expansão. O Pão de Açúcar não agregou uma unidade sequer à sua rede no primeiro semestre e limitou seus gastos a R$ 700 milhões neste exercício. "E nem sei se vamos atingir esse valor", diz Galeazzi.
A austeridade em 2008 explica porque a companhia, agora, anseia por 2009. Abilio Diniz, sócio e presidente do conselho do grupo, se diz otimista e fala em voltar a "ganhar participação de mercado" no ano que vem.
Para 2009, a empresa trabalha com as seguintes projeções econômicas : expansão de 4% do PIB, inflação de 5% (IPCA), taxa de desemprego de 8,3%, taxa Selic de 13,8% e uma cotação média do dólar de R$ 1,70. O cenário macroecônomico é positivo, com uma melhora em alguns indicadores, como inflação, afirma Diniz. O crescimento do consumo nas classes de renda mais baixa, que recebem auxílio do Bolsa-Família, deve persistir, o que irá fazer com que a rede direcione investimentos para esse público.
O grupo prevê que poderá começar uma vida nova em 2009 e que conseguirá resolver, até o fim deste ano, algumas pendências, como a aquisição dos 50% das ações da Sendas, no Rio, que pertencem à família Sendas. O Grupo Pão de Açúcar comprou 50% da varejista carioca em 2004 e exerceu o direito de comprar o restante do capital. "Estamos discutindo valores neste momento", diz Enéas Pestana, vice-presidente financeiro.
A empresa também está decidida a desenvolver um braço imobiliário, que não necessariamente precisaria ser desmembrado do restante da companhia. O grupo possui imóveis avaliados em R$ 2 bilhões, mas esse montante pode ser maior se trazido a valor de mercado. "Estamos avaliando as oportunidades de investimento, como a construção de torres comerciais ao lado dos nossas lojas ", afirma Diniz, que não descarta nem mesmo investir em shopping centers.
Veículo: Valor Econômico