A economia alemã não conseguiu manter no segundo trimestre sua cadência, mas continuou ostentando um honroso crescimento, superior às previsões, um dado que prefigura sua capacidade de resistência ao efeito Brexit.
O Produto Interno Bruto (PIB) da maior economia aumentou 0,4% entre abril e junho, o dobro da estimativa média dos especialistas.
“No segundo trimestre, não houve qualquer tipo de fragilidade estrutural”, afirmou Stefan Kipar, economista da BayernLB.
Os analistas estabeleceram de imediato projeções tranquilizadoras para o resto do ano.
“A economia alemã poderá crescer de 1,8% a 1,9% em 2016”, afirma Andreas Rees, da Unicredit.
O Commerzbank reajustou para cima sua previsão de aumento do PIB a 1,8%, frente a 1,5% em sua previsão anterior.
O governo e o Bundesbank (banco central) acreditam que o crescimento será de 1,7%, depois de 1,5% registrado em 2015.
O ano começou a todo vapor, com um crescimento de 0,7% no primeiro trimestre, graças a condições meteorológicas clementes. É esperada, em consequência, uma perda de ritmo, mas esta foi temperada, entre outras coisas, pelo dinamismo do comércio exterior.
– Exportações em aumento –
A Alemanha, com exportações que superam os 100 bilhões de euros mensais, observava com ansiedade a desaceleração da economia chinesa e de outros grandes mercados emergentes, assim como o aumento da instabilidade geopolítica em inúmeras regiões do planeta.
Mas os carros, os produtos químicos e o maquinário “Made in Germany” continuaram sendo vendidos satisfatoriamente.
“Segundo dados provisórios, as exportações aumentaram em relação ao primeiro trimestre de 2016 e as importações retrocederam levemente”, indicou o Escritório Nacional de Estatísticas em um comunicado, que publicará os números detalhados no próximo dia 24.
Os gastos dos particulares e o gasto público também contribuíram para o crescimento do segundo trimestre. O consumo se viu favorecido pela vitalidade do mercado de trabalho, com o menor índice de desemprego últimos 25 anos, e pela alta dos salários, com preços estáveis.
O único setor que destoa é o da construção, que manteve um sólido crescimento no primeiro trimestre graças a um inverno relativamente quente.
O terceiro trimestre teve início depois do referendo de 23 de agosto no Reino Unido, que aprovou a saída desse país da União Europeia (UE).
Os analistas alertam que o impacto dessa decisão e o processo de ruptura que se inicia afetarão o crescimento, mas que a economia alemã saberá enfrentar o temporal.
Seus principais argumentos são “fundamentos sólidos, um mercado de trabalho em grande forma e as rendas reais em alta, assim como uma política fiscal levemente estimulante e excelentes condições de financiamento”, afirma Holger Schmieding, do Banco Berenberg.
Fonte: Estoé