Bataticultura: Sul de Minas reduz investimentos no setor

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Com menor oferta, produtores recebem até 81% a mais para compensar perdas e alta dos custos


Os prejuízos registrados nas últimas safras e a elevação significativa dos custos de produção estão interferindo de forma drástica nos investimentos da produção de batata no Sul de Minas Gerais, que deve encerrar o ano com queda próxima a 30%. O real desvalorizado frente ao dólar comprometeu a capacidade dos produtores em adquirir sementes e insumos, o que também prejudicou a produtividade. Com a oferta menor, produtores estão recebendo até 81% a mais pela negociação das batatas. Porém, a margem de lucro é limitada pelos custos 33% maiores e pelas perdas.

De acordo com o presidente da Associação dos Bataticultores do Sul do Estado de Minas (Abasmig), José Daniel Rodrigues Ribeiro, o setor vem acumulando prejuízos desde o ano passado, o que também pode comprometer a safra de verão 2017 da batata, uma vez que a maioria dos produtores da região está descapitalizada.

Ao longo do ano, os produtores enfrentaram diversos problemas, como as chuvas ao longo da colheita da primeira safra e a falta de água e as temperaturas elevadas na atual temperada, que está em período de colheita. A produção total no Sul de Minas deve encerrar o ano em torno de 480 mil toneladas. A região é a segunda maior produtora, respondendo por 40,47% do volume estadual e atrás do Alto Paranaíba.

“Os problemas climáticos fizeram com que a produtividade das duas safras de batata recuasse, o que gerou perdas de 30% aos bataticultores. Os produtores investiram e não tiveram retorno financeiro e isto compromete a capacidade de investir na próxima safra”, explicou.

Ainda segundo Ribeiro, além da interferência climática, o menor poder aquisitivo dos produtores em um período de elevação dos preços da batata-semente, produto importado cujo preço é balizado pelo dólar, fez com que muito bataticultores utilizassem sementes de qualidade baixa e até mesmo a batata indicada para o consumo no plantio.
“O real desvalorizado frente ao dólar elevou o preço de importação da batata-semente.

Antes o valor ficava em torno de R$ 140 por saca de 25 quilos. No último plantio o mesmo volume de semente foi negociado a R$ 200, uma elevação de 41%, que não foi observada nos ganhos dos produtores”.

Outro problema enfrentado pelos produtores de batata da região Sul do Estado é o crédito escasso para a cultura e a dificuldade de acessar os recursos disponíveis. Sem esse acesso aos valores disponibilizados pelo Plano Safra, muitos bataticultores têm buscado crédito em empresas especializadas, mas que trabalham com juros maiores que os praticados pelo financiamento federal.

Preços - Com as perdas produtivas, a tendência é de preços elevados no campo e nos supermercados. De acordo com Ribeiro, a saca de 50 quilos da batata é negociada entre o mínimo de R$ 90 e o máximo de R$ 100 no campo, valor que varia conforme a qualidade, o tamanho e a espécie plantada. No mercado, o produto chega com a cotação variando entre R$ 120 e R$ 140 por saca.

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), no mesmo período do ano passado, o produtor recebia pela saca de 50 quilos em torno de R$ 55, valorização que hoje fica entre 63% e 81%.

“Os preços estão elevados, mas, os custos também ficaram maiores com o encarecimento dos insumos e também em função da perda na produtividade. Se antes gastávamos cerca de R$ 60 para produzir 50 quilos de batata, nas atuais condições o gasto é de R$ 80”, explicou Ribeiro.

As expectativas em relação ao plantio da próxima safra são cautelosas. A dificuldade de comprar as sementes importadas deve interferir na produtividade. 

“O setor está passando por dificuldades e enfrentamos um apagão na oferta de sementes de qualidade tanto importadas como as produzidas nacionalmente”, explicou Ribeiro.

Fonte: Jornal Diário do Comércio de Minas


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