Estimativa para a safra 2016/17 é da consultoria Céleres.
Maior adoção é na cultura da soja; Mato Grosso lidera entre os estados.
A utilização de sementes transgênicas tem sido cada vez mais presente nas lavouras brasileiras, seja pelo menor custo de produção ou pela praticidade no manejo das culturas. Na safra 2016/17, essa tecnologia deverá ser observada em 49 milhões de hectares.
Isso significa que as sementes transgênicas estarão em 93,4% da área total onde são produzidos soja, milho (verão e inverno) e algodão no país, de acordo com a previsão da consultoria Céleres, especializada na análise do agronegócio, para o próximo ano. O aumento em relação à safra 2015/16 passa de 7%.
Entre essas três culturas, é na da soja que se observa a maior presença de sementes transgênicas, chegando perto de 100%. Segundo a consultoria, a soja deverá totalizar 32,7 milhões de hectares, que equivalem à adoção de 96,5%. De uma safra para a outra, o crescimento registrado é estimado em 4%.
Para se ter uma ideia de como essa tecnologia vem sendo mais utilizada ao longo dos anos, na safra 2003-2004, quando o plantio foi regulamentado, a adesão era de 22,1% do total de terras onde a soja era cultivada. A produção da oleaginosa foi a primeira a receber autorização da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), do Ministério da Ciência e Tecnologia.
O levantamento da consultoria também aponta que a área total de milho verão avançará pela primeira de uma safra para a outra desde 2013. Em 2017, o grão geneticamente modificado deverá estar presente em 5,3 milhões de hectares – ou seja, em 82,3% da área total semeada.
Quanto ao milho inverno, a adoção das sementes transgênicas é ainda maior. O cultivo deverá chegar a 10,4 milhões de hectares, ou 91,8% da área total, de acordo com a Céleres.
Considerando os dois tipos de milho, a área total plantada com sementes geneticamente modificadas deverá somar 15,7 milhões de hectares, o equivalente a 88,4%.
Apesar de a produção ser menor do que as outras, a adoção das sementes transgênicas nas lavouras de algodão deverá ser recorde no próximo ano, chegando a 78,3% ou 789 mil hectares.
Entre os estados que adotam essa técnica, o Mato Grosso aparece em primeiro lugar (13,8 milhões de hectares), seguido por Paraná (7,9 milhões de hectares) e Rio Grande do Sul (6,3 milhões de hectares).
Maturidade
De acordo com Anderson Galvão, CEO da Céleres, tanto para a soja quanto para o milho, o Brasil já pode ser considerado um país que atingiu o nível de maturidade na adoção dessas tecnologias, exceto o caso do algodão.
"Por isso, já nos últimos dois ou três anos, em termos percentuais, o crescimento tem sido pequeno e assim deve permanecer nos próximos anos. No caso da soja, diferentemente da Argentina, o Brasil deve manter-se com um padrão de adoção semelhante ao dos Estados Unidos, com uma taxa ao redor dos 95% da área total”, disse.
Experiência brasileira
A experiência brasileira com a biotecnologia agrícola começou pela soja, quando os produtores brasileiros, no final da década de 1990, trouxeram variedades da Argentina.
“O maior tempo de experiência com a soja transgênica permitiu um maior contato com essa tecnologia e a constatação das suas vantagens que por sua vez, incentivou as empresas, principalmente após a aprovação da nova lei de biossegurança, em 2005, a investirem no desenvolvimento de variedades de soja adaptadas as mais diferentes condições de produção de soja no Brasil, de Norte a Sul. Como consequência, o Brasil, já há alguns anos, tem padrão de adoção similar ao dos Estados Unidos”, afirmou.
Fonte: Portal G1