Apesar da alta dos alimentos, é possível poupar R$ 2 mil no supermercado

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Economia ao longo de um ano pode ser obtida com pesquisa de preço de produtos de marcas líderes ou ‘genéricas’ em diferentes estabelecimentos

 
Com uma inflação de alimentos persistentemente alta, a pesquisa de preços ganhou mais importância para economizar com as compras de supermercado. A 12.ª edição de um levantamento da associação de consumidores Proteste mostra que o paulistano consegue, sem trocar as marcas dos produtos, poupar mais de R$ 2 mil por ano com a escolha de loja.
 
Para aqueles que já escolhem marcas mais baratas em busca de economia, a atenção deve ser redobrada. Os especialistas alertam que a diferença de preço entre uma loja e outra pode ser ainda maior entre os “genéricos” porque os consumidores têm menos referência de preço destes produtos.
 
A pesquisa da Proteste engloba 23 cidades de 17 Estados. Apesar de ser realizada todos os anos em abril e divulgada com defasagem, ela oferece um nível de detalhamento amplo.
 
Uma das conclusões é que, apesar de geralmente mais baratos, os produtos sem marca aumentaram mais do que os “premium” em 2016. A situação ocorreu em nove de 14 Estados – três deles entraram na pesquisa e não têm base comparativa.
 
“Ficou mais difícil encontrar as barganhas, mesmo entre os produtos mais baratos”, afirma Natália Dias, coordenadora do estudo da Proteste.
 
O economista André Braz, da FGV, também destaca que o próprio aumento da substituição de marcas provoca pressão nos preços. “Se um produto tem aceitação, com certeza seu patamar de preço sobe”, explica.
 
Para Natália, contudo, os resultados da pesquisa mostram que, mesmo em um cenário desafiador, a persistência do consumidor será recompensadora.
 
Por isso, Braz alerta: “É preciso pesquisar e trocar o caro pelo barato, para mostrar que não está de acordo com o preço. A internet é uma boa aliada para fazer pesquisa. A resposta do consumidor é levada a sério.”
 
A servidora pública Luana Barbosa, de 30 anos, incorporou essa pesquisa na rotina. “Já fui a uma loja só para comprar duas garrafas de 3 litros de sabão líquido para economizar R$ 20. Exige paciência e disposição, mas vale a pena. Costumo dividir as compras nos supermercados perto de casa e vejo diferenças grandes”, diz.
 
O preço do queijo minas frescal da marca Tirolez (250 g), por exemplo, vai de R$ 10,40 a R$ 27,99 na cidade de São Paulo, uma diferença de 169%. Para evitar gastos extras nos deslocamentos, Natália orienta fazer as compras nas zonas costumeiras de circulação, como casa, trabalho ou onde moram familiares.
 
O estudo mostra o preço de compra de duas cestas definidas de produtos, classificada de acordo com dois perfis de consumo distintos. A primeira, composta por 104 produtos com marcas líderes de venda e encontrados nas categorias mercearia, higiene e limpeza, perecíveis, hortifrúti e variados. A segunda possui 90 produtos com as marcas mais baratas, sendo os mesmos da cesta 1, porém sem carne, frutas, verduras e legumes.
 
Atacado. Na capital paulista, o consumidor pode economizar R$ 2.032,45 no ano se comprar marcas líderes no atacadista Assaí da Vila Sônia (zona oeste), em vez do supermercado Madrid, em Higienópolis, no Centro. Se optar por marcas mais baratas, a economia chega a R$ 2.271,02 no Atacadão da Vila Guilherme, zona norte.
 
Em geral, as redes de lojas de atacado oferecem preços mais em conta do que supermercados e hipermercados. Para a cesta 1, a rede Makro se destaca como a mais barata na maioria das cidades, enquanto para a cesta 2 a rede mais em conta é o Atacadão.
 
Segundo o economista Heron do Carmo, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, outro motivo para a diferença de preços de uma loja para outra é a escassez de produtos por causa da queda de produção, como o feijão e o leite.
 
A própria inflação explica a amplitude de preço. Por exemplo: determinado produto custa R$ 1 no bairro A e R$ 2 no bairro B. Após um reajuste de 10%, o produto do bairro A custará R$ 1,10 e o do bairro B, R$ 2,20. Logo, a diferença entre os dois passou de R$ 1 para R$ 1,10.
 
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo


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