Estudo da Embrapa mostra potencial nas regiões Sul, Leste e Norte de Minas
Da Redação
O principal ingrediente do pãozinho francês pode ser produzido em abundância no Brasil. Somente no Centro-Oeste, novas fronteiras para o trigo poderiam resultar em 24,9 milhões de toneladas do cereal, volume que representa o dobro do atual consumo interno. Isso faria o País passar de importador a exportador de trigo.
Foi o que apontou estudo realizado por pesquisadores da Embrapa Trigo (RS) e Embrapa Gestão Territorial (SP), que projetaram quatro diferentes cenários para a produção nacional de trigo, considerando regiões onde a cultura poderia se expandir. Em Minas, o estudo apurou potencial para o aumento da produção nas regiões Leste e Sul e, em menor proporção, na região Norte.
O Brasil produz aproximadamente metade das 11 milhões de toneladas de trigo que consome e 70% do total é destinado à panificação, o que torna os resultados estratégicos para traçar alternativas ao abastecimento do cereal. "É importante que o País conheça seu potencial produtivo para delinear e mapear alternativas à importação de trigo", ressalta o pesquisador Cláudio Spadotto, gerente-geral da Embrapa Gestão Territorial.
O País importa entre 5 e 6 milhões de toneladas de trigo a cada ano, provenientes principalmente da Argentina, favorecida pelos acordos bilaterais do Mercado Comum do Sul (Mercosul). "Acredito que o Brasil é plenamente capaz de se tornar autossuficiente em trigo. Contamos com tecnologia e área, mas é fundamental o apoio de políticas públicas que assegurem o crescimento desta produção", argumenta o chefe-geral da Embrapa Trigo, o pesquisador Sergio Dotto.
Em 2015, o Brasil cultivou 2,5 milhões de hectares com trigo, uma produção de 5,5 milhões de toneladas. Na distribuição territorial, a Região Sul responde por cerca de 89% do total produzido, o Sudeste, por 9%, e o Centro-Oeste, por 2%. De acordo com o analista da Embrapa Gestão Territorial Rafael Mingoti, a diferenciação na produção é fortemente condicionada pelas características edafoclimáticas do território, pela existência de cultivares adaptadas a essas características e pela existência de moinhos e estruturas de armazenagem do grão. "Reconhecer e analisar tais diferenças vai servir de subsídio à formulação de políticas públicas direcionadas ao fomento da cultura do trigo no Brasil", afirma Mingoti.
Regiões - Para desenvolvimento do estudo, as áreas de produção de trigo foram divididas em quatro regiões homogêneas definidas a partir de variáveis de precipitação, quantidade de frio e calor em momentos específicos da cultura, altitude e histórico de rendimento de grãos. O estudo mostrou que há áreas potenciais para o aumento da produção de trigo no Leste do estado de Goiás, Oeste da Bahia, Leste e Sul de Minas Gerais e, em menor proporção, Sul de Goiás, Norte de Minas Gerais e centro da Bahia.
De acordo com Mingoti, os resultados gerados fornecem indicativos de que as políticas públicas podem atuar nas regiões tradicionais de produção de trigo na busca pela minimização das variações temporais, visando à obtenção de melhor qualidade, e na retomada de áreas de produção de trigo hoje em declínio ou estagnadas, e que já apresentaram significativas contribuições no passado.
"O planejamento e o investimento na otimização da logística de escoamento do trigo produzido, com qualidade adequada, em direção aos maiores centros de consumo do País são fundamentais para garantir a competitividade econômica do produto nacional frente ao importado", afirma o analista. Com informações do Mapa.
Fonte: Diário do Comércio de Minas