Para Ibre, agropecuária vai puxar alta do PIB no 1º tri

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O setor agropecuário será fundamental para que o país registre, no primeiro trimestre, a primeira variação positiva para o Produto Interno Bruto (PIB) em dois anos, segundo projeções do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), divulgado com exclusividade para o Valor.

 

Diante da projeção de crescimento de 20,3% para a safra de 2017, o Ibre calcula que o componente contribuirá com 0,6 ponto para a alta no período, estimado em 0,3% sobre o quarto trimestre de 2016, na série com ajuste. No quarto trimestre, o Ibre foi a única instituição a cravar a queda de 0,9% do PIB entre 23 bancos e consultorias ouvidos pelo Valor Data.


Entre janeiro e março, o PIB agro avançará 6,8%, após aumentar 1% no fim do ano passado, de acordo com as estimativas do Ibre. Na comparação com igual intervalo de 2016, a alta será de 8%. O desempenho da economia no primeiro trimestre também será beneficiado pelo início da recuperação da indústria de transformação, que, após recuar 0,7% no último trimestre, cresceria agora 2,3%.


"A indústria vai ser positiva, mas muito por 'efeito base' [base deprimida] e por conta da ajuda dada pelo setor automotivo", pondera a coordenadora da publicação, Silvia Matos, justificando a avaliação de que apenas a partir dos números do segundo trimestre será possível fazer diagnóstico mais preciso sobre o ritmo de retomada do setor. "O segundo trimestre será o grande balizador da recuperação."


A economista observa que, na comparação com igual intervalo do ano anterior, a contração do PIB sofrerá desaceleração importante, de 2,5%, registrado de outubro a dezembro, para 1,4% entre janeiro e março, reforçando os sinais de que a atividade caminha para sair da recessão, ainda que a velocidade da retomada seja incerta.
No primeiro trimestre, o consumo das famílias ainda será afetado pelo desemprego elevado e encolherá 0,2% sobre os três últimos meses de 2016, excluídos os efeitos da sazonalidade. Mais sensível à dinâmica de renda e mercado de trabalho, os serviços terão o nono resultado negativo seguido (0,3%).


Ainda assim, destaca Silvia, o cenário para o restante do ano, especialmente o segundo semestre, é bem melhor do que desenhado seis meses atrás. De um lado, a aceleração no ritmo de corte de juros deve facilitar a renegociação de dívidas. De outro, a inflação mais comportada tende a elevar o poder de compra dos salários, com um impulso adicional dado pela liberação dos recursos do FGTS.
Assim, apesar da expectativa de retração da demanda das famílias nos três primeiros meses do ano, o Ibre avalia que há espaço para alguma melhora ao longo do ano, com impacto favorável sobre as vendas do varejo em 2017.


"Indicadores divulgados nas últimas semanas reforçaram a percepção de que a crise começa a se dissipar, gerando perspectivas menos sombrias de curto prazo e autorizando maior otimismo com o quadro macro", segundo o boletim. Para o mercado de trabalho, o Ibre vê sinais tímidos de retomada. Depois da queda expressiva de mais de 4% da massa de rendimentos medida pela Pnad Contínua no ano passado, a expectativa do Ibre é que o indicador cresça 0,2% neste ano.


Os riscos, advertem os analistas no documento, estão concentrados primordialmente no lado fiscal, com a necessidade de um corte de despesas de 0,5% do PIB para cumprimento da meta de déficit primário deste ano, de R$ 139 bilhões. "Por isso, a reforma da Previdência, para o bem ou para o mal, pode ser um divisor de águas." (Colaborou Tainara Machado.

 


Fonte: Valor Econômico

 

 


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