Os países do Brics, bloco formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, começam a traçar estratégias para ampliar as trocas mútuas e a participação do grupo no comércio internacional.
Durante um encontro do Brics no G-20, por exemplo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que é de interesse dos países emergentes construir acordos de livre comércio mais abrangentes, visando o acesso aos mercados de grande porte e geração de emprego e renda.
Além disso, no último dia 30, o grupo definiu uma estratégia para a atuação da sua instituição financeira, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, em inglês), para o período de 2017-2021. Esta iniciativa prevê a disponibilização de US$ 32 bilhões para 50 projetos nos próximos cinco anos, com foco em infraestrutura para o desenvolvimento sustentável.
Para o professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UNB) Roberto Goulart Menezes, os novos passos do bloco marcam um movimento de institucionalização dos Brics, aumentando a relevância do bloco no âmbito internacional e criando oportunidades para a ampliação das trocas mútuas e do comércio com outros países, além de proporcionar o desenvolvimento interno do País.
Na avaliação de Menezes, apesar do Brasil ter perdido o seu protagonismo no âmbito dos Brics, por conta da crise política, o bloco continua sendo uma das prioridades na política externa do País. Um exemplo foi o fato de a primeira viagem do presidente Michel Temer ter sido para a China, em setembro de 2016. Além disso, Menezes lembra que, nas eleições presidenciais de 2014, candidatos de diferentes tendências políticas defendiam a atuação dos Brics.
Para o professor da UNB, os recursos a serem disponibilizados pelo NDB podem ser uma oportunidade para os estados, municípios e empresas conseguirem recursos mais baratos para investir em saneamento básico e infraestrutura urbana. Menezes pontua que, apesar de a maior parte dos aportes em infraestrutura no Brasil ser feita por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o custo do financiamento externo está mais baixo do que o do País, onde a taxa de juros real se aproxima de 7%.
Balança
O volume das trocas comerciais entre o Brasil e os seus parceiros dos Brics aumentou 28,5% no primeiro semestre deste ano, contra igual período de 2016, para US$ 46,6 bilhões.
A melhora da corrente de comércio foi impulsionada tanto pelas exportações como pelas importações. Nos seis primeiros meses do ano, as vendas externas do Brasil para os Brics tiveram alta de 37,3%, para US$ 31,5 bilhões, enquanto as compras dos países parceiros cresceram 13,4%, para US$ 15 bilhões. Com isso, o saldo comercial do País com o grupo expandiu 70,7%, para US$ 16,4 bilhões
Menezes afirma que o crescimento dessas trocas, do ponto de vista do Brasil foi impulsionado, sobretudo, pela China, nosso principal parceiro comercial. "Os preços das commodities [agrícolas e minerais] estavam caindo desde 2012, mas passaram a se recuperar no ano passado, o que ajudou a nossa exportação de soja, farejo de soja, minério de ferro a obter uma pequena melhora", finaliza Menezes.
Fonte: DCI São Paulo