A produção de azeite de oliva deve dobrar em 2018 no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, os maiores produtores do Brasil, projetam representantes do setor. A próxima safra deve bater 200 mil litros.
Os dois Estados, juntos, produziram neste ano 97 litros de azeite, a partir de 950 toneladas de azeitonas. A área cultivada atualmente é de 3,6 mil hectares.
O Rio Grande do Sul é o maior produtor do País. O Estado deve colher 1 mil toneladas de azeitonas na safra 2018 e produzir 100 mil litros de azeite de oliva. Na safra 2017, encerrada em maio, foram colhidos 550 toneladas e elaborados 55 mil litros de azeite. "Dos 2,1 mil hectares cultivados no Estado, 65% da área ainda não entrou em produção", diz o coordenador da Câmara Setorial da Citricultura e Olivicultura do Estado, Paulo Lipp João. "Além disso, registramos um incremento de área de 400 a 500 hectares ao ano", explica.
O Estado tem 32 produtores, 16 marcas e 11 indústrias. A produção está concentrada na metade Sul do Estado, região que é plana, o que permite a mecanização. O clima mais seco e as temperaturas mais baixas também favorecem a produção. "Neste ano, porém, as temperaturas estão mais amenas do que o normal e os produtores estão apreensivos. Mas, se o clima ajudar poderemos chegar a este resultado", afirma o coordenador .
Em Minas Gerais, a colheita foi de 400 toneladas de azeitonas em 2017 e a produção atingiu 42 mil litros de azeite de oliva. Para o próximo ano, a expectativa é de que sejam colhidas 1 mil tonelada de azeitona e sejam produzidos 100 mil litros. A área cultivada também deve crescer de 1,5 mil hectares para 1,6 mil hectares.
"As plantas novas vão começar a produzir e as que já produzem estarão mais maduras", justifica o presidente da Associsação dos Produtores dos Contrafortes da Serra da Mantiqueira (Assolive-MG), Nilton Caetano de Oliveira.
Em outros estados, como São Paulo, a produção ainda está ganhando fôlego. A capital paulista sediou nesta segunda-feira (10) a Expoazeite, que reuniu produtores dos três estados durante o 5º Encontro da Cadeia da Produtiva da Olivicultura. "Nossa limitação [em São Paulo] é o clima. Não temos área com a temperatura baixa o suficiente [menos de 12ºC] para que a planta floresça", afirma a coordenadora do grupo de pesquisa Oliva SP, Edna Bertoncini. "Precisamos de uma cultivar adaptada a essa exigência" , acrescenta ela.
Organização
O setor também estuda a viabilidade da criação de um instituto nacional voltado para a olivicultura. "Temos dezenas de indústrias e marcas que não se conversam", justifica o coordenador da câmara setorial de olivicultura do RS . A intenção é utilizar experiências como a do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) como exemplo.
Para a organizadora da Expoazeite e especialista em azeites, Patrícia Galasini, a organização do setor poderia contribuir para a busca de melhores condições de produção. "Falta apoio do governo para a produção e também regras claras para os produtores", afirma. Atualmente apenas a classificação do azeite é regulamentada pelo Ministério da Agricultura, por meio da Instrução Normativa nº1.
Entre os defensores da criação de um instituto está Luiz Eduardo Batalha Batalha, da fazenda Guarda Velha, de Pinheiro Machado, maior produtor de azeites do País. "O Brasil ainda é pequeno nesse mercado, mas tem condições de ter um desempenho espetacular no futuro. Por isso é importante que o setor se organize", diz.
A propriedade produziu 15 mil litros de azeite em 2017 ante 5 mil no ano anterior. "Em 2018, vamos chegar aos 50 mil litros", acrescenta o diretor comercial da empresa, Carlos Henrique Pfaff.
Para 2025, a meta o produtor é chegar a 1 milhão de litros de azeite. Para isso, a empresa ampliará em 2017 em 15 mil as oliveiras cultivadas em área de 50 hectares, para chegar a 100 mil árvores.
Fonte: DCI São Paulo