Esteio (RS) - A área cultivada com arroz no Brasil no ciclo 2017/2018 deve recuar 150 mil hectares na próxima safra, o equivalente a 7,5% de queda, estimou ontem o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), Guinter Ferraz, durante a 40º edição da Exposição Internacional de Animais, Máquinas e Implementos e Produtos Agropecuários (Expointer).
O principal motivo para a retração são os preços pagos pela saca do grão, que estão abaixo do preço mínimo, especialmente no Rio Grande do Sul, responsável por 70,7% da safra brasileira no último ciclo, explicou Ferraz. A redução é resultado do aumento de 16,3% da oferta de grãos na safra passada. A saca de 60 quilos está sendo negociado entre R$ 39 e R$ 40, enquanto o custo médio de produção oscila entre R$ 42 e R$ 44 pela mesma quantidade de arroz.
Se for considerado apenas o Rio Grande do Sul, Ferraz estima uma retração de 5% na área, que atingiu 1,1 milhão de hectares na safra 2016/2017, quando o Estado produziu 8,7 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ele acredita que o impacto na produção deve ser de 400 mil a 500 mil toneladas a menos.
"Mas vai depender muito do clima. Se tivermos um clima bom, poderemos produzir a mesma coisa ou mais, e esse impacto pode não ser tão efetivo", destaca Ferraz.
A projeção está próxima do proposto pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), que defende que a área cultivada no País recue 250 mil hectares no próximo ciclo, dos quais 100 mil hectares a 150 mil hectares somente no Rio Grande do Sul, segundo o vice-presidente da Federarroz, Alexandre Velho.
"A entidade teve a coragem e a responsabilidade de alertar para uma possível redução de preço ainda maior no ano que vem se nós não adequarmos a área plantada à demanda que se tem hoje", afirma. "O Brasil deve seguir esse caminho de redução de pelo menos 10% da área. Isso, pelo menos, amenizaria esse excedente", estima.
Exportação
Para Ferraz, do Irga, o caminho não é produzir em menor área, mas reduzir a oferta. "Precisamos estimular o consumo de arroz no mercado interno e exportar", argumenta.
A exportação, aliás, é apontada como solução por todos os representantes da cadeia produtiva."Se não exportarmos pelo menos 500 mil toneladas, tendo em vista que teremos um estoque de passagem de 1,5 milhão de toneladas, a situação ficará complicada", diz o presidente da Comissão do Arroz da Federação da Agricultura do estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Francisco Schardong. /* A repórter viajou a convite de Biogénesis Bagó
Fonte: DCI São Paulo