São Paulo - A perspectiva de manutenção dos preços das commodities nos atuais patamares deve fazer com que as vendas de implementos agrícolas também fiquem estáveis em 2018 em relação ao desempenho de 2017. A previsão é do presidente da Câmara Setorial da área agrícola da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Bastos de Oliveira.
Isso significa repetir o faturamento estimado para 2017, de R$ 13,3 bilhões. O montante representa uma alta de 8% em relação ao ano de 2016, quando foram negociados R$ 12,4 bilhões.
"Esperamos pelo menos a repetição do faturamento desse ano, mas nosso viés é altista", afirmou ele. "Um grande indutor das vendas é o mercado de grãos, principalmente soja e milho, que respondem por 45% da comercialização de implementos agrícolas, e se eles mantiverem o patamar [de preços] de hoje, as nossas vendas não devem mudar", avaliou o dirigente, na última sexta-feira (6), durante o Seminário de Planejamento Estratégico Empresarial, que reuniu representantes do setor na sede da entidade em São Paulo.
Oliveira não descarta, porém, a possibilidade de alterações nesse cenário. "É lógico que ao longo do ano podem ocorrer mudanças, é um ano de eleições", ponderou o dirigente. "Além disso, outro drive importante para as vendas é o câmbio. Se você tem um câmbio mais desvalorizado o agricultor recebe menos. Mas acreditamos que a cotação vai ficar por volta de R$ 3,10", observa.
Já a avaliação do consultor Carlos Cogo é mais otimista. Para ele, o cenário atual indica um 2018 favorável ao setor, com crescimento de até 15% em relação ao desempenho deste ano. "Vai ser um ano de começo de recuperação, já podemos pensar em um aumento de 10% a 15% nas vendas, tanto para máquinas quando implementos agrícolas em geral", destaca. "Saímos de três anos de fundo do poço e há um represamento de demanda e uma produção que também não para de crescer, o que demandará a renovação e ampliação das frotas de máquinas", projeta o consultor.
Para ele, a soja deve manter o patamar de preços atual, que no Centro-Oeste está ao redor de R$ 55 a saca de 60 quilos. "É um preço remunerador, mas que pode subir diante da possibilidade de problemas climáticos e de uma safra menor no Brasil mesmo com área maior", opina Cogo. Na opinião do consultor, o preço do milho deve registrar crescimento com a expectativa de redução de área nesta safra, e deve voltar ao patamar de R$ 27 a R$ 30 a saca de 60 quilos no Centro-Sul. "Isso deve devolver ao produtor a capacidade de investimento", projeta.
O economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, também acredita em um aumento dos negócios no segmento de máquinas no próximo ano, mas estima que as vendas devem voltar a crescer com mais vigor somente em 2019. "A demanda tende a crescer em 2018, mas a alta do investimento deve ser lenta. No ano seguinte, esse crescimento deve ser maior, refletindo o aquecimento da economia", acrescenta Barbosa.
O presidente da Câmara Setorial ainda explicou que a previsão para 2017 reflete um desempenho positivo no primeiro semestre seguido de uma retração nos preços das commodities registrada desde maio, que deve reduzir as vendas de implementos na segunda metade do ano. De janeiro a agosto deste ano, o faturamento do setor atingiu de R$ 9 bilhões, um incremento de 10,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Durante o evento, Oliveira ainda apresentou dados do Banco Central que mostram que a liberação de crédito para a compra de máquinas e implementos agrícolas atingiu R$ 12,6 bilhões no acumulado dos últimos 12 meses, um incremento de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. O montante inclui tratores, responsáveis por R$ 4,1 bilhões, um crescimento de 16% na mesma base de comparação; colheitadeiras de grãos, com R$ 2,9 bilhões e crescimento de 7%, máquinas e implementos, com R$ 5,5 bilhões e alta de 7%.
Marcela Caetano