São Paulo - A cachaçaria Weber Haus, de Ivoti, no interior gaúcho, deve começar a colher no ano que vem o resultado da ampliação do canavial orgânico. A plantação saltou de 15,8 hectares para 22 hectares, com o objetivo de elevar a produção da bebida - atualmente, de 300 mil litros por ano.
A cana cultivada na nova área será colhida a partir de 2018, para que possa atender à exigência do mercado norte-americano, que demanda que a lavoura fique 36 meses sem uso de agrotóxicos e adubação química para que uma receba certificação orgânica. No Brasil, esse período é de apenas um ano.
Porém, a cachaçaria só deve ver o resultado financeiro da ampliação mais adiante, já que a bebida feita a partir da cana colhida na nova área ainda precisa ser envelhecida por pelo menos um ano antes de chegar ao mercado. Mas a perspectiva é de que a produção tenha um aumento, embora o diretor da Weber Haus - ou casa dos Weber, em português -, Evandro Weber, não revele valores.
Para este ano, ele projeta crescimento de 20% nas vendas - a empresa não divulga o volume e a receita - devido à expectativa de aumento da demanda de países como China e Japão. "Também estamos em negociações com novos mercados, que ainda não podemos tornar público", afirma.
Além destes mercados, a Weber Haus exporta para 16 países e tem nos Estados Unidos seu principal comprador no exterior. Os produtos da marca são vendidos em 17 estados norte-americanos.
No Brasil, a linha de produtos da cachaçaria é comercializada em 23 estados, além do Distrito Federal, sendo o Rio Grande do Sul o principal mercado, respondendo por 30% das vendas, seguido por São Paulo e Brasília. As vendas online também são componente importante dos negócios, assim como o Duty Free, nos aeroportos de São Paulo e do Rio de Janeiro. No mercado interno, o crescimento médio é de 15% ao ano. "Notamos que a aceitação da cachaça orgânica é muito maior no mercado, tanto interno quanto no exterior", diz o diretor. O produto é o carro chefe da empresa, que teve início em 1948 e há doze anos produz a bebida orgânica."
"Quando eu trabalhava na lavoura com ureia e adubação química voltava para casa com queimaduras, era ruim trabalhar com aqueles produtos", recorda o empresário. Embora toda a produção de cana-de-açúcar seja orgânica, nem toda ela está certificada.
Segundo ele, além de mais qualidade de vida para a família, a mudança melhorou os resultados. "A produção estava caindo a cada ano e precisávamos renová-lo quando optamos pelo sistema orgânico."
Desde então o resultado no campo foi crescendo até chegar ás 105 toneladas por hectare obtidas neste ano, produtividade 7,1% maior que a registrada na safra passada, que foi de 98 toneladas por hectare. Antes da transição, a produtividade era de 60 toneladas por hectare.
Todos os resíduos da produção são reaproveitados. O vinhoto, resultado da destilação, volta para o campo como adubo, por exemplo. "Trabalhamos de forma 100% sustentável e não dependemos de fornecedores para produzir", completa. Ainda assim, Weber afirma que a empresa está em busca fornecedores de cana orgânica e que compra também de produtores que utilizam o sistema tradicional.
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A preocupação com a sustentabilidade não se restringe à lavoura. Há dois meses, a empresa investiu R$ 300 mil em um parque de geração de energia solar, capaz de abastecer toda a propriedade com a produção de 54 quilowatts por hora. "Gastávamos R$ 7 mil reais com a conta de luz, considerando a agroindústria e as casas dos funcionários. Agora, pagamos R$ 60 de taxa de uso da rede", compara Weber, que espera que o investimento nas placas, instaladas no telhado da agroindústria, se pague em até cinco anos.
Outro fator que deve impulsionar os negócios da empresa familiar é o lançamento de novos produtos, como o gin, que será lançada em evento nesta segunda-feira, em São Paulo. Na versão da empresa gaúcha, a bebida destilada terá erva mate e folha de cana-de-açúcar como diferenciais.
Fonte: DCI São Paulo