Ação foi para recuperar as vendas ao pequeno varejo, que encontra escassez de recursos.
Com a crise internacional e a escassez de crédito que atingiu o Brasil o pequeno varejo mudou o gerenciamento do estoque passando a comprar menos dos atacadistas, em períodos mais curtos e com preferência para os produtos de primeira necessidade, como alimentação, higiene pessoal e limpeza doméstica. A reação imediata dos atacadistas foi ampliar o crédito aos micros e pequenos varejistas, aumentando ainda os prazos de pagamento.
Esse rearranjo entre varejistas e atacadistas, de acordo com Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), deve retomar o movimento entre os setores e, ainda, proporcionar crescimento, entre 4% e 4,5%, nas vendas para o pequeno varejo já no segundo semestre deste ano ante igual período de 2008. O cálculo é do presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), Carlos Eduardo Severini.
Nos últimos meses, segundo ele, os estoques estavam muito elevados para todos – varejo, atacadistas e indústria. "O pequeno varejo retraiu as compras para evitar ter que buscar o dinheiro no banco. Isso quando encontra o crédito", observou o presidente da Abad. A ampliação de prazos do atacado reverteu a tendência, afirmou. "Começamos a voltar à normalidade, privilegiando a oferta de produtos essenciais", disse Severini, que também é diretor do Tenda Atacado.
A falta de financiamento tornou-se crônica com a crise internacional de crédito. Para "salvar" o pequeno varejo reequilibrando as relações comerciais entre os varejistas e o atacado, a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) defende que os bancos menores, mais próximos do pequeno varejo, recebam mais benefícios governamentais para favorecer as micros e pequenas empresas.
Hoje, de acordo com Gilson de Lima Garófalo, assessor econômico da Fecomercio-SP, praticamente todo o crédito colocado na praça vai para o grande varejo. Um exemplo disso é o financiamento da linha branca.
Uma das poucas linhas específicas para o pequeno varejo foi lançada, nesta semana, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). É voltada para a construção civil por meio do Cartão BNDES com taxa de juros, atualmente, de 1%. O dinheiro pode ser utilizado pelos micros e pequenos empresários para a aquisição de materiais básicos como cimento, argamassa, laje pré-moldada para serem utilizados na ampliação, reforma e modernização do empreendimento.
O crédito é um dos itens mais importantes para a manutenção do pequeno e micro empreendimento no Brasil. No País, segundo levantamento da Fecomercio-SP, 27% das micros e pequenas empresas abertas não sobrevivem ao primeiro ano; 38% não passam do segundo e 46%, do terceiro. O percentual de falência aumenta com o decorrer do tempo. Já que 64% dos pequenos negócios desaparecem antes de completar seis anos.
O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) lembra que o crédito é importante, mas é o empresário quem deve identificar suas reais necessidades de financiamento e escolher as operações corretas de empréstimos que podem ser utilizados no capital de giro, no investimento fixo (para obras ou aquisição de máquinas) ou misto, que financia tanto o investimento fixo como o capital de giro.
Veículo: Diário do Comércio - SP