O preço do leite caiu no começo de 2018. Essa situação já vinha acontecendo no final de 2017. Minas Gerais registrou as maiores perdas. Um exemplo é a fazenda de José Macedo, que fica em Prata, no Triângulo Mineiro. Foram muitos investimentos, entre eles equipamento de ordenha, silagem, barracão e formação de pastagem. Em um ano, foram gastos cerca de R$ 280 mil. Só que hoje para produzir um litro ele gasta R$ 1,25 e recebe entre R$ 1,12 e R$ 1,15. “Para a gente que investiu, esse custo é muito difícil de reduzir em momentos de crises”.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, o preço médio pago ao pecuarista brasileiro pelo litro de leite no mês de janeiro foi de R$ 0,98, o menor valor em oito anos. O estado de Minas Gerais foi o que teve a maior desvalorização mensal: 2,93%. A média CEPEA teve recuo de 20% em um ano.
Em 2017, o Brasil importou da Argentina, Chile e Uruguai mais de 98 milhões de quilos de leite em pó, segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Para o consultor de mercado leiteiro, Marco Aurélio Nunes, o cenário é reflexo dessa procura pelo produto de fora do país. “Foi favorável para indústria, mas hoje nós estamos colhendo o resultado negativo ao produtor rural um preço muito baixo que está desestimulando o produtor rural brasileiro”, explica o consultor.
Os prejuízos chegam também às cooperativas. A Cooprata tem bancado as perdas no preço do leite nos últimos meses. Isso porque apesar de vender para a indústria o litro por R$ 0,98, a cooperativa paga aos produtores R$ 1,27, o que gerou oito milhões a mais nos custos em 2017.
"Isso pra nós gera prejuízo, porém a gente tem resultados pra isso. Entrou o ano, a gente segurou o preço até dezembro e esses produtores ficaram com a gente, se não talvez esse produtor tivesse saído da atividade", explica Rubens Andrade, presidente da Cooprata.
Em outra fazenda que fica em Uberlândia, foram gastos no ano passado R$ 4 milhões. Isso para atender a demanda de 22 mil litros de leite por dia. A alta produtividade permite que o dono da fazenda ainda consiga uma margem de lucro de 25%, mesmo com a queda no preço do leite.
“Nós produzimos hoje o dobro de leite de um ano atrás. Isso possibilitou que nós tivéssemos a redução de R$ 0,25 no custo de produção. É o que tá fazendo com que a gente se mantenha na atividade e consiga operar no azul”, comenta o produtor de leite Thiago Silveira. Os produtores também apontam a oferta maior de leite no mercado para a queda nos preços.
Fonte: Globo Rural