Queda dos juros incentiva crédito alternativo no campo

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A recente queda da taxa básica de juros deve atrair produtores de médio e grande porte para linhas de crédito de bancos privados fora das taxas subsidiadas do Plano Safra neste ano, avaliam instituições financeiras.

 

O Banco Central reduziu a Selic a 6,5% no último dia 21, a taxa mais baixa desde sua criação, em 1996. Embora isso não signifique uma queda imediata das tarifas cobradas por empréstimos nos bancos aos produtores, a medida faz com que a taxa seja menor que a praticada no Plano Safra, que tem uma média de 7,5% a 8,5% ao ano, o que pode tornar o crédito não subsidiado mais atrativo.

 

“Para o produtor mais estruturado, isso gera uma oportunidade de buscar alternativas mais competitivas”, afirma o gerente de crédito direcionado do Banco Cooperativo Sicredi, Silas Souza. “A oferta de crédito com recursos próprios passa a ser um atrativo”, afirmou.

 

O banco liberou até fevereiro R$ 9,6 bilhões em crédito nesta safra e pretende encerrar o ciclo 2017/2018 com R$ 14 bilhões em financiamentos para o setor, incremento de 13% em relação ao ciclo anterior. Na safra 2017/2018, 86% dos recursos liberados pelo banco tinham juros controlados, enquanto 14% dos valores foram contratados com taxas livres.

 

O diretor de agronegócios do Santander, Carlos Aguiar, acredita que esse cenário abre oportunidades aos bancos privados para que mostrem interesse em financiar o campo. “Sou cético quanto à necessidade de recursos públicos com uma taxa de 6,5%”, afirmou. “É uma oportunidade para os bancos mostrarem que estão atentos ao setor”, destacou.

 

O volume atual de financiamentos do banco para o agronegócio é de R$ 14 bilhões, sendo que R$ 4 bilhões são subsidiados. Para Aguiar, o crédito com juros livres no Plano Safra também tende a crescer. Até fevereiro, a contratação de crédito com juro não controlado cresceu 54% ante o mesmo período do ciclo passado, segundo dados do Ministério da Agricultura, e chegou a R$ 23,5 bilhões. Nas taxas controladas, o incremento foi 2,8%, para cerca de R$ 68,5 bilhões.

 

Sousa pondera que essa mudança de cenário não beneficia pequenos produtores, que lançam mão do Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf) para financiar a lavoura ou pecuária. “Ainda que a Selic caia mais, o Pronaf é mais barato”, explica. O crédito tem juros entre 2,5% e 5,5% ao ano e outros benefícios, como bônus para pagamento de parcela, renegociação de prazos em caso de perdas.

 

Com a Selic mais baixa, também aumenta a perspectiva de que os juros do Próximo Plano Safra caiam, embora o Ministério da Agricultura ainda não tenha sinalizado para quanto. O que já foi dito é que o valor a ser anunciado deverá, no mínimo, repetir os R$ 188,3 bilhões do ano passado.

 

O Sicredi espera liberar R$ 17,7 bilhões em crédito rural no próximo ciclo, incremento de 20%. “Vamos ter um bom ciclo na concessão de crédito”, avaliou. Ele atribui o otimismo à retomada do crescimento econômico que reduz a incerteza dos produtores.

 

Investimentos

De acordo com Souza, esse cenário deixa o produtor mais confortável para investir. “Nos últimos anos, o foco principal foi o custeio da safra, mas o investimento vem crescendo desde o ano passado e deve aumentar ainda mais neste ano e no seguinte”, destacou o gerente do Sicredi. De julho de 2017 a fevereiro deste ano, os valores contratados por meio do Plano Safra aumentaram 12,4%, para R$ 92,1 bilhões. No mesmo período, os recursos destinados para investimento aumentaram 25,3%, para R$ 18,8 bilhões.

 

Fonte: DCI

 

 


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