Após acumular queda de 8,4% das vendas no Dia dos Pais nos últimos três anos, o varejo está projetando aumento de 2,5% no volume de itens comercializados para a data comemorativa de 2018. Embora as perspectivas sejam otimistas, lojistas se preparam para receber um consumidor menos propenso a gastar.
Os números fazem parte de um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços e Turismo (CNC), que projeta movimentação de R$ 5,4 bilhões na data. Do montante, a maior fatia ficará nos supermercados, que abocanhará cerca de R$ 2 bilhões. Na sequência aparecem as lojas de eletroeletrônicos e utilidades domésticas, que devem movimentar R$ 781,1 milhões.
“Para esse período, a tendência é de que as famílias preservem seu orçamento com gastos em segmentos onde não haja variação expressiva de preços, concentrando também as comemorações dentro de casa”, disse ao DCI o economista da CNC, Fábio Bentes.
Ainda de acordo com ele, a evolução de preços para o período – estimada em 1,8% – evidencia a dificuldade do varejista de repassar os preços ao consumidor com orçamento restrito.
Na mesma perspectiva, a sócia-diretora da consultoria de varejo Blue Numbers, Camila Pacheco, diz que – mesmo com alta de 3,1% em 2017– o setor ainda está longe de recuperar as perdas acumuladas entre os anos de 2015 e 2016. “Acredito que o cenário só deva apresentar sinais de melhora após as eleições presidenciais e, uma recuperação realmente efetiva, depois do primeiro semestre de 2019.”
Segundo a consultora, o consumidor deve manter uma postura mais cautelosa sobre compras mais arrojadas para o período, em virtude do ambiente de instabilidade econômica. “O fato da inflação estar abaixo da meta do governo é algo bom, mas o patamar que os preços alcançaram nos últimos anos está muito alto e, junto com isso, vemos aumento no índice de desemprego e parte da população endividada”, lembra.
Garantindo o cliente
Para estimular o consumo na data, os administradores de shopping centers têm se mostrado cada vez mais inventivos. Esse processo se dá em um momento em que a concorrência com as vendas online também preocupa o setor.
“Procuramos trabalhar também com o lazer, entretenimento e investir em um lugar atraente para os pais e crianças”, afirmou o gerente de marketing do Santana Parque Shopping, Marcos Maltes.
Segundo ele, no final de semana do Dia dos Pais, o empreendimento vai receber uma feira de cervejas artesanais e um evento do mercado de pets – “voltado para um público multifacetado”.
Sem revelar estimativas reais de crescimento, Maltes diz que essa estratégia vem se fortalecendo desde 2017 e que, das 180 lojas do empreendimento, apenas 15 negócios estão focados em campanhas promocionais do Dia dos Pais.
Com uma visão estratégica diferente, o gerente de marketing do Shopping Praça da Moça, Danilo Senturelle, acredita no potencial das promoções e sorteios de motocicletas para impulsionar as vendas ao longo do mês de agosto.
“Fizemos uma grande pesquisa e chegamos a conclusão de que o sorteio de uma moto da BMW acabaria puxando para cima o tíquete médio”, explicou. Segundo ele, existem estimativas de que o fluxo de pessoas no shopping para esse final de semana cresça 12%; ao passo que os ganhos no mês seja 10% maior que em julho.
“Começamos a preparação para o Dia dos Pais no dia 26 de julho. Acredito que o tíquete médio deva chegar em torno de R$ 300”, diz Senturelle. Segundo o executivo, o movimento de liquidação promovido pelo shopping, que ganhou o nome de Julho Black – corrobora com a previsão de crescimento, uma vez que das 140 lojas no mall, 40% estão focando em promoções no período.
Fonte: DCI