Embora a crise tenha levado o consumidor a deixar de lado as marcas líderes de mercado, 66,2% dos consumidores estão voltando a consumir rótulos premium. O motivo principal é a comparação em termos de qualidade em relação aos itens que haviam sido trocados.
A tendência foi apresentada em um levantamento realizado pelo Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (Sincovaga), que apontou que 69,6% dos consumidores entrevistados experimentaram outras marcas de produtos no supermercado, exceto as líderes, nos últimos seis meses.
As categorias em que houve mais marcas substituídas foram higiene e limpeza (87,7%) e mercearia (65,8%), seguidas por laticínios (58,9%). O preço foi a maior motivação para essa mudança de hábito, na opinião de 84,5% dos consumidores.
Essa tendência já era percebida na sondagem realizada pelo Sincovaga em fevereiro de 2016, quando 35,8% dos consumidores entrevistados afirmaram não se importar com marcas, mas sim com preços mais baixos, enquanto 27,5% informaram que tinham marcas de preferência, porém já haviam aberto mão delas em razão dos preços.
Segundo o presidente do Sincovaga, Álvaro Furtado, a fidelização por preço baixo tem relação somente com a quantidade de dinheiro e possibilidade de compra dos consumidores. “O preço não é tão determinante quando a pessoa volta a ter dinheiro. A qualidade sempre vem na frente quando você tem dinheiro para pagar por ela”, afirmou ele ao DCI.
No entanto, se o preço foi a maior motivação para a troca de marcas há pouco mais de um ano, agora é a qualidade de traz esse público de volta às marcas premium do mercado. Para 78,7% das pessoas ouvidas, a qualidade comprovadamente melhor desses itens foi a vantagem mais considerada, seguida por preço mais atraente (8,5%) – que pode evidenciar uma parceria maior entre o varejo e a indústria –, e o custo-benefício (6,4%).
Sabendo disso, a Qualitá, marca própria do Grupo GPA, anunciou – como adiantado pela reportagem no dia 18 – o reposicionamento e inauguração de novas linhas, a fim de melhorar a qualidade e fidelizar o cliente. Segundo o diretor de marcas exclusivas do grupo, Wilhelm Kauth, o mercado brasileiro de rótulos próprios apostou, erroneamente, apenas no preço: “O custo é o pior motivador da compra que você pode ter com o consumidor, porque isso não o fideliza.”
Frequência e promoções
Ao mapear o comportamento do consumidor dentro das lojas, o Sincovaga aponta que boa parte do público pesquisa preços antes de ir às compras (66,7%), e usam folhetos (63,2%), internet (39,7%) e anúncios de TV (11,8%).
A pesquisa consultou os consumidores em relação ao número de vezes em que realizam suas compras. A maioria (38,2%) afirmou ir uma vez por semana ao supermercado, seguidos por duas vezes por semana e uma vez por mês, ambas as opções com 24,5%, sendo que 12,7% vão mais de duas vezes na semana.
Nesse sentido, adquirir apenas o que necessita para a semana foi a opção de 35,3% dos entrevistados, seguida pelo hábito de aproveitar promoções e planejar as compras para o mês, ambas as respostas com 26,5%, enquanto 11,8% adquirem apenas o que precisa para um ou dois dias.
Em relação ao futuro da economia, 29,4% das pessoas acham que vai melhorar; 35,3% piorar e 35,3% ficar como está. Para Furtado, o pior da crise já passou e o estudo mostra isso: “No supermercado as pessoas estão voltando a gastar um pouco mais.”
A pesquisa foi realizada em todas as regiões da capital paulista, de 4 a 6 de outubro. A maior parcela de respondentes têm renda familiar de 1 a 3 salários mínimos (33,3%), seguida pela faixa de 3 a 5 salários mínimos (26,5%), e de 5 a 10 salários mínimos (17,6%).
Fonte: DCI