Maior produtor de goiaba do País, o estado de São Paulo deve ter uma safra de 5% a 8% maior em 2019 ante o ciclo atual. A seca, que se estendeu entre os meses de junho a setembro, deve adiar a colheita, mas ainda não há perspectiva de perdas para a cultura.
Devido à estiagem, o pico da safra, que normalmente ocorre em fevereiro, deve ser postergado para a segunda quinzena de março até abril. “Ainda que os pomares tenham sido prejudicados, a perspectiva é de que a safra seja boa”, avalia diretor e engenheiro agrônomo do grupo Predilecta – maior processadora da fruta vermelha no País –, Bruno Trevizaneli.
Ele pondera que muitas áreas ainda estão em floração e que um bom resultado ainda depende da distribuição de chuvas até abril. “Mas creio que não teremos perdas de qualidade, pois como a safra tende a ocorrer mais adiante, a colheita não acontecerá no período mais quente, o que pode beneficiar a fruta, que é muito perecível.”
O Estado colheu em 2018 150 mil toneladas, um volume 5% superior ao do ano anterior. Já a produção brasileira total deste ano chegou a 300 mil toneladas, considerando as variedades voltadas para consumo in natura e industrialização.
Crescimento
A Predilecta, com sede em Matão (SP), processou 75 mil toneladas neste ano, sendo 85% desse volume – aproximadamente 63,7 mil toneladas – entregues por 350 produtores parceiros que cultivam entre 900 e 1 mil hectares. O restante é produzido pela empresa no município e arredores.
Do volume total, 70% têm como destino o mercado interno, sendo 90% utilizados para a produção de goiabada e o restante para geléia.
Os outros 30% são destinados a 58 países que importam polpa de goiaba, para suco integral ou multivitamínicos. Entre os clientes estão Estados Unidos, Alemanha, França e Espanha. “Fomos favorecidos pela variação cambial, embora os custos de produção também tenham aumentado”, afirma Trevizaneli. Ele avalia que o mercado de goiabadas tem condições de crescer de 8% a 10% ao ano no País, enquanto o de polpas pode crescer de 20% a 22%. “Acredito que esse potencial seja muito maior e pode chegar a 50%.”
O grupo, que também processa tomates e vegetais, deve ter faturamento de R$ 1,8 bilhão neste ano ante R$ 1,6 bilhão registrados em 2017, incremento de 12,5%.
Ele atribui a perspectiva de crescimento à variação cambial; à proximidade dos fornecedores das frutas – situados em um raio de 20 quilômetros das quatro fábricas da empresa – e também dos mercados do Sul e Sudeste, o que minimiza problemas com logística; ao fato de a empresa ser familiar, o que permite a rápida tomada de decisões; e também à perspectiva de uma melhora na economia no próximo ano.
“Estamos muito confiantes. Não acredito em uma mudança radical, mas haverá um crescimento lento”, estima Trevizaneli. “Estamos preparados para crescer mais de 20% se o mercado reagir, mas a perspectiva é de 10% a 12%”, diz.
Fonte: DCI