Com o objetivo de garantir um incremento das vendas em 2019, as redes de vestuário aproveitam o movimento de trocas de presentes de Natal, em janeiro, para fidelizar novos clientes por meio de promoções e maior agilidade no atendimento.
“Nos últimos anos, temos trabalhado bastante os processos de troca para que o consumidor encare isso da forma menos complicada possível. Por isso, desde 2015 implementamos um sistema de automação e emissão de notas especiais apenas para os presentes de Natal”, afirma o presidente da rede de vestuário Camelo, Adriano Camelo. Segundo ele, o novo software permite rastrear mais rapidamente o produto vendido e, consequentemente, fornecer as informações sobre a venda.
De acordo com o executivo, a partir do aprimoramento do sistema de gestão de vendas e relacionamento com o cliente, o movimento de troca dos presentes de Natal tornou-se mais “assertivo e ágil”. “A partir desse novo posicionamento, percebemos que a média de compras extras no momento da troca está em 50%”, destaca Camelo, ressaltando que o êxito do atendimento nesses momentos garantirá o retorno futuro de clientes para o negócio.
Ainda segundo ele, nessa época do ano, os itens com maior volume de trocas e compras adicionais são as bermudas e peças de banho. Dessa forma, Camelo argumenta que realiza alguns ajustes nos estoques dessas linhas de produtos para o período conforme a demanda vai evoluindo. “A perspectiva é que nosso volume de vendas em janeiro apresente crescimento em torno de 25% em relação ao mesmo período de 2018”, complementa o executivo. Atualmente, o tíquete médio do negócio gira em torno de R$ 400.
Na avaliação do sócio-diretor da consultoria de varejo ba}Stockler, Luis Henrique Stockler, investir em tecnologias que possam auxiliar no processo de troca “é fundamental” para receber o cliente na loja. “Existe tensão nesses momentos. Qualquer cliente desiste de frequentar um estabelecimento quando é obrigado a esperar cerca de 30 minutos para ser atendido”, relata o especialista.
Além disso, Stockler chama a atenção para o fato de que, no varejo de moda, existem muitos funcionários temporários dentro das lojas nesse período e, por isso, o cuidado com relação ao treinamento dos colaboradores deve ser fortalecido intensamente. “Pelo fato dessa época apresentar um grande volume de pedidos de trocas nas lojas, o treinamento dos funcionários temporários menos experientes é peça-chave para agilizar os processos de trocas”, argumentou o consultor.
De acordo com um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a estimativa é que 22% dos 76,5 mil postos temporários gerados para o período de Natal sejam efetivados. Em 2016 – no auge da crise – esse percentual era de 15,2%, conforme a entidade.
Compartilhando de perspectiva similar a do especialista, a gerente de franquias da rede de vestuário Mash, Bianca Borges Santini, afirma que a capacitação dos funcionários para esse período é uma das principais estratégias para o período de janeiro. “Passada a semana do Natal, temos registrado um índice bem alto no movimento de trocas de presentes, principalmente por conta de algum ajuste relacionado ao tamanho da peça. Paralelamente a isso, procuramos aproveitar esse momento para emplacar novas vendas”, declarou Bianca.
De acordo com a executiva, pelo fato do movimento de compras do Natal de 2018 ter sido cerca de 20% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior, há “grande otimismo” sobre o volume de vendas extras em janeiro.
Para ela, esse período é essencialmente “fundamental” para a queima de estoques, uma vez que a rede trabalha especialmente com vestuário íntimo e roupas de banho.
“Em janeiro, começamos um forte movimento de promoções desses produtos. Dessa forma, o cliente que vem para a loja querendo trocar algum item acaba optando também pela compra de outra peça com estampa ou tecido diferente”, comentou a executiva, que não divulgou qual o percentual de clientes que realizam esse tipo de opção.
Ela diz que, em virtude do volume de pedidos de troca entre dezembro e janeiro, existe certa “flexibilização” na política de troca, a fim de fidelizar o cliente em datas comemorativas futuras do varejo.
“Os últimos anos foram muito difíceis em termos de vendas em shopping centers. No entanto, neste ano renovamos nossas expectativas e já desenhamos o mês de janeiro com um aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2018”, declarou ela.
Segundo Bianca, o tíquete médio do negócio está atualmente em torno de R$ 118 e não deve subir em janeiro por conta das promoções.
Fonte: DCI