Quem quer um ovo de codorna pra comer? De produto exótico a ingrediente popular no prato dos brasileiros, o produto é incluído tanto nas receitas simples quanto na mais elaborada gastronomia. A codorna chegou ao Brasil no final dos anos 1950, trazida por imigrantes italianos e japoneses, mas foi a partir de 1963 que o ovinho ganhou fama, incentivado pela canção interpretada por Luiz Gonzaga, que pregava seus poderes afrodisíacos.
Nas últimas décadas, conquistou de vez a cozinha dos quatro cantos do país. Prova disso é a multiplicação do volume produzido. Segundo o IBGE, único órgão que faz levantamentos da atividade, a população de codornas dobrou em dez anos no país: passou de 7,5 milhões de aves em 2006, para 15 milhões em 2016 (último dado disponível).
A produção de ovos também cresceu vertiginosamente no período, passando de 1,4 bilhão para 3,3 bilhões. O aumento está diretamente associado ao empreendedorismo da indústria que, em vez de entregar ovos in natura, passou a distribuí-los também em conserva.
São Paulo lidera o ranking dos estados produtores dos ovinhos, com 30,4% do total, seguido pelo Espírito Santo em segundo lugar, com 22%, e Minas Gerais em terceiro, com 13,3%. Na região Nordeste, Pernambuco (3%) é o estado mais bem colocado no ranking nacional de produção, seguido de Ceará (2,9%) e Bahia (2,3%). Não há dados oficiais sobre consumo per capita de ovos de codorna no país.
As chances de lucratividade para quem investe na criação das pequenas aves são altas, mas especialistas advertem que, antes de pensar no resultado financeiro, o empreendedor deve fazer um planejamento estratégico da estrutura e elaborar um sistema adequado de manejo das aves.
NEGÓCIO FAMILIAR
Criar codornas não requer espaços amplos, nem altos investimentos. Prova disso é a Chácara Cantareira, propriedade de Carlos Felipe Prado Ventura, em Itatiba, no interior de São Paulo. O negócio, iniciado pelo pai dele, em 1999, começou pequeno e de maneira familiar. A decisão de ingressar neste nicho não foi aleatória. “Existiam poucos criadores deste tipo de ave no Brasil e quase não havia concorrência”, lembra.
A expertise da empresa é criar as aves para vendê-las, na fase adulta e reprodutiva, às empresas que comercializam os ovos. Ventura lembra que o investimento feito para abrir o negócio há duas décadas foi de apenas R$ 600, usados na compra de caixas de madeira, ração e gaiolas. O negócio começou com a venda mensal de 300 aves. Hoje são comercializadas 10 mil codornas por mês.
O faturamento médio mensal da empresa é de R$ 30 mil. A margem de lucro pode chegar a 30%. A Chácara Cantareira também trabalha com outros tipos de aves, como espécies de frango e galinhas caipiras. “A expectativa para 2019 é continuar investindo no mercado de codornas, que vem crescendo no Brasil e gerando boa receita”, ressalta Carlos Ventura.
BOAS PERSPECTIVAS
Osvaldo Esperança Rocha, proprietário da Vicami Codornas, também tem boas perspectivas para o próximo ano. A granja, localizada em Assis (SP), atua no mercado há 23 anos. O empresário, formado em Zootecnia, decidiu ingressar nesse ramo após ter trabalhado na produção de ovos de galinha. “O mercado de codornas é bem mais enxuto e atrativo. Meu intuito, desde o início, era me desenvolver profissionalmente nesse setor.”
No início do negócio, a granja comercializava 1,5 mil aves mensalmente e hoje chega a vender 1 milhão de codornas por mês em todo o Brasil. Ao longo dos anos, o empresário investiu na infraestrutura e na logística de transporte de aves vivas. “Não sei precisar ao certo quanto foi investido até hoje, mas sempre priorizei o uso de tecnologias para melhor a seleção das aves”, informa.
O faturamento médio anual da empresa chega a R$ 8 milhões. A margem de lucro fica em torno de 15%. “Os ovos de codorna caíram no gosto do brasileiro, e a tendência é de crescimento desse mercado, apesar de a economia ainda caminhar a passos lentos”, conclui.
Fonte: Jornal O Globo - Rio de Janeiro