Vendas de Páscoa no DF devem aumentar 11% este ano, estima Fecomércio

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A pouco mais de duas semanas da Páscoa — comemorada em 21 de abril — os brasilienses começam a se preparar para as compras e o comércio reage à procura. As vendas devem crescer 11,47% em relação ao ano passado, de acordo com pesquisa feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-DF). Foram ouvidos 402 empresários de 11 segmentos, entre 13 e 18 de fevereiro.

 

No entanto, os consumidores pretendem abrir mão de itens mais caros ou procurar produtos alternativos. As mudanças no cardápio típicas dessa época influenciam o comércio. A busca por peixes aumenta, especialmente na semana da Páscoa, mas quem compra sente falta de promoções. Moradora do Cruzeiro Velho, Marilda Sodré, 78 anos, conta que aproveitou a oportunidade para comprar o peixe com antecedência, em uma promoção.

 

“Os preços estão salgados, mas comprei um salmão. Até na Ceasa estão vendendo itens mais caros, como a batata. Antes, eram três sacos por R$ 5. Agora, encontro dois pelo mesmo valor”, compara a aposentada. Marilda diz que, geralmente, a família opta pelo pernil para o sábado e o domingo pelo fato de o preço ser mais baixo. Em relação aos demais itens alimentícios, ela aconselha: “É sempre bom levar uma lista para as compras do que vai fazer, usar e precisar. Quando vamos sem lista, compramos mais”, observa.

 

Otimismo

 

Mesmo com a apreensão dos consumidores, as perspectivas de venda cresceram 2,08% do ponto de vista do empresariado e em relação ao ano passado. Um dos principais motivos, segundo o presidente da Fecomércio-DF, Francisco Maia, é a “melhora do cenário econômico”. Ele destacou que o feriado servirá, para os empresários, como um termômetro das vendas ao longo do ano. “Não medimos tudo, apenas setores específicos. Há um otimismo maior dos empresários em função da mudança de governo”, explicou Francisco.

 

“Com as perspectivas de aprovação da reforma da Previdência, começou-se a apostar nisso. É algo típico do empresariado, principalmente dos que atuam no comércio. Quando veem um movimento maior, correm para comprar mais e fazer promoções”, diz Francisco Maia. Ele ainda reforça a dica para os consumidores procurarem promoções: “Quem vende abre mão do lucro e investe em marketing. É bom para o consumidor e para o empresário.”

 

O otimismo dos empresários reflete o cenário observado no restante do país. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), nos últimos 12 meses antes de março, a cesta composta por bens e serviços tipicamente procurados na data acumulou variação média de 4,6%. A taxa é 1,3% menor que o observado às vésperas da Páscoa de 2018.

 

Piscicultura

 

Quem trabalha com comércio ainda espera os efeitos da procura de um dos alimentos mais demandados durante este período: os peixes. Donos de uma peixaria na Feira Permanente do Cruzeiro, Elisângela Araujo e Anderson de Souza esperam mais movimento na Semana Santa. “Por enquanto, as vendas continuam como antes. Não tivemos aumento por parte dos fornecedores nem aumentaremos os valores para os clientes. Na Quaresma, não vendemos muito. Neste ano, parece até que não passamos por ela”, comenta Elisângela.

 

O casal está no ramo há 10 anos e conta que sentiu uma queda nas vendas de cinco anos para cá. “Acho que foi a crise. Se continuar da forma que está, os lucros serão menores”, analisa Elisângela. Ela acrescenta que os consumidores geralmente preferem pagar com cartão de crédito e que os valores do quilo no estabelecimento variam entre R$ 17 e R$ 45. “Só não vendemos bacalhau, porque há uma concorrência com os mercados, que recebem bonificações que não temos”, completa a comerciante.

 

Segundo a Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR), costuma haver um aumento médio de 30% no consumo desse item no Distrito Federal durante a Quaresma. “O DF se comporta como a região Nordeste nesse período, considerado o de maior expressividade. Normalmente, programamos a produção para começarmos a oferecer mais peixes no início do ano. Ela retoma em setembro e tem o ápice na quaresma. Depois, começa a cair”, explica Francisco Medeiros, presidente da entidade.

 

Aqui, a produção de peixes de cultivo chegou a 1,5 mil toneladas em 2018, sendo que a tilápia foi a mais produzida, com 90% do total. A taxa, segundo o presidente da entidade, é irrisória. Por isso, a maior parte do que é consumido aqui vem de outras unidades da Federação. Além da tilápia, as espécies preferidas dos brasilienses são tambatinga e pintado.

 

A crise hídrica e a demora para a emissão de novas outorgas para a Bacia do Descoberto impactaram a atividade no ano passado, que teve o mesmo índice de produção registrado em 2017, segundo informações da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF). Ainda assim, o DF supera a média nacional no consumo de peixes. Enquanto em todo o país a média é de 9kg/ano por habitante, na capital federal, esse índice alcança 14 kg/ano. “A produção ainda é inexpressiva para o consumo local e atenderia só a demanda de 15 dias do ano”, calcula Francisco Medeiros.

 

Fiscalização nos estabelecimentos

 

Com a aproximação da Páscoa, a Vigilância Sanitária começou, nesta semana, a fiscalizar supermercados, peixarias e feiras. Gerente de alimentos do órgão, André Godoy pontua itens importantes para os consumidores observarem. “O local deve ser higiênico, com pessoas paramentadas. Os peixes não podem estar apenas sobre o gelo, mas com, pelo menos, 70% do corpo submerso”, ressalta. Além disso, André destaca que os alimentos congelados devem estar limpos e que não fiquem sobre plásticos. “Alguns peixes você vê que estão frescos pela aparência deles e pela elasticidade da carne preservada. Quando você toca, não fica um buraco do dedo.” As guelras precisam estar avermelhadas ou em cores vivas e deve haver informação caso os produtos tenham sido descongelados. “Não se pode congelar e descongelar de novo sem o aviso. O congelamento não mata bactérias, mas retarda o crescimento delas”, destaca o gerente de alimentos.

 

RAIOS-X

Expectativas para a Páscoa de 2019 no DF

 

14,4%

Lojistas que pretendem aumentar preços dos produtos

 

58,6%

Dos consumidores devem comprar à vista, em dinheiro

 

47,9%

Escolhem lojas com base em desconto ou promoção

 

R$ 160,34

Gasto médio pretendido pelo consumidor

 

R$ 182,49

Gasto médio esperado pelo lojista

 

Fonte: Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF)

 


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