As vendas a prazo relacionadas ao período da Páscoa avançaram 1,29% este ano, na comparação com a data em 2018, segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O aumento tímido reverte a retração do ano passado, mas ainda segue distante de recuperar as perdas acumuladas desde 2011.
Os dados, que foram levantados em parceria da entidade com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), compilou compras realizadas entre os dias 14 e 20 de abril e aponta que em 2018 as vendas haviam recuado 0,34%, após crescer 3,34% em 2017. Já entre os anos de 2015 e 2016, as vendas no período acumularam queda de -2,24% e -13,34%, respectivamente.
Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, a alta deste ano é um sinal positivo para a retomada do crescimento do varejo , mas é pouco para sustentar um incremento mais robusto do setor neste ano. “O resultado é um alento para o varejo, mas não basta para retornarmos ao patamar de crescimento anterior a recessão. A páscoa representa a primeira grande festa do ano para o comércio e pode funcionar como uma prévia não só para o Dia das Mães, como para o desempenho da atividade comercial ao longo deste ano”, afirma Pellizzaro Junior.
Neste ano, segundo um levantamento do SPC Brasil e da CNDL, os produtos mais procurados para a Páscoa seriam os tradicionais ovos de chocolates industrializados (61%), caixas de bombons (50%), ovos de páscoa artesanais e caseiros (38%), barras de chocolate industrializadas (33%) e artesanais (25%), colombas pascoais (13%) e bebidas, como vinho (13%). A expectativa dos lojistas era fortalecer o volume de vendas, para o caso de cair o tíquete médio do consumidor para a data.
Ovos caseiros e promoções
Na avaliação do consultor em varejo Giovanni Lontra, uma das explicações para esse comportamento tímido do brasileiro nas compras está relacionada a uma mudança do comportamento do consumidor, tanto no que diz respeito a compra de produtos artesanais, quanto a compra de ovos antes do período analisado pela CNDL e Boa Vista.
“Geralmente quem faz ovo em casa para revender não aceita crédito, e como há um movimento forte do brasileiro de desviar de itens industrializados, há grandes chances de que esse mercado ‘informal’ tenha apresentado incremento neste ano”, avalia ele.
Outro hábito trazido na crise e que também deve ter sido utilizado na compra dos produtos relacionados à Páscoa, para além do chocolate, é a busca por promoções.
“O brasileiro aprendeu na crise, e na Black Friday, a comprar com antecedência. Com a Páscoa caindo em março, boa parte dos clientes tiveram fevereiro inteiro para encontrar boas oportunidades, principalmente nos atacarejos, tanto para o almoço quanto para os presentes”, disse ele.
Para o dia das mães, a tendência é que o brasileiro siga cauteloso, evitando compras a prazo, mas não descartando gastar mais caso haja promoção. “O varejista precisa fisgar o consumior muito antes da data comemorativa, está é uma das principais mudanças no hábito de compras que a era digital proporcionou”, diz.
Fonte: DCI