Venda de produtos juninos deve crescer 30%

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Fernando Teixeira

 

SÃO PAULO - Para impulsionar as vendas de itens regionais e voltados às Festas Juninas, as marcas especializadas na área estão intensificando as ações nos pontos-de-venda (PDV) para alavancar a comercialização dos produtos e reforçar os meses de maio e junho, que são épocas de ápice desse segmento. Levantamento do DCI aponta a que a previsão dos comerciantes para este período do ano é alcançar aumento de 30% a 35% nas vendas, na comparação com igual época do ano passado.

 

Anderson Miranda, diretor comercial do Grupo Caramuru, detentor da marca Sinhá, diz que a expectativa é crescer 25% este ano. "É nosso Natal. Vendemos mais do que pipocas e amendoim. Conseguimos expor e comercializar bebidas light à base de soja, produtos licenciados, pipocas de micro-ondas agora produzidas por nós. De quebra, lançamos embalagens de 500 ml de óleo de soja, milho e canola. Para a Região Nordeste lançamos embalagens de flocão [farinha de milho flocada] pois lá se vendem cerca de 80% da produção. Com as inovações ganhamos espaço e permitimos ao varejista fazer pilhas e ilhas com produtos."

 

Outra estratégia utilizada pela marca em mil pontos-de-venda será fazer o cross merchandising (degustação). "Se uma empresa vende café, nós fazemos uma parceria e colocamos degustadores associando o café ao nosso pão de queijo. Com isso se dilui o custo dentro do ponto-de-venda para ambos. Além disso, com a degustação temos um aumento de 20% das vendas."

 

Miranda conta que em todos os pontos negociados haverá a montagem de barracas de Festa Junina. "Em alguns check-outs, os atendentes de caixa ficarão vestidos de Sinhá. Além do mais, gastaremos 90% da verba de marketing dentro dos pontos-de-venda. Descartamos trabalhar com mídia nacional e regional." O executivo ressalta que cerca de 45% das vendas deverão ser no Nordeste. No Sudeste, as vendas se concentram mais em Minas Gerias, na zona leste de São Paulo e na Baixada Santista. "O mercado carioca é o mais complicado por ser concentrado em apenas quatro ou cinco redes supermercadistas", finalizou.

 

Com faturamento de R$ 820 milhões em 2008, a líder Yoki pretende estar em 8 mil PDVs no Brasil. "Fechamos contrato com varejos de 4 check-outs até grandes hipermercados, incluindo as três gigantes, Carrefour, Wal-Mart e Pão de Açúcar. Se não formos a maior cobertura do Brasil, certamente figuramos em segundo, pois não sei como as marcas se comportam na Páscoa. Este ano investimos 15% a mais que ano passado. Nosso mercado é variado, diria que 20% estão em São Paulo", disse Luiz Carlos Pereira, diretor de Marketing.

 

Para chamar a atenção dos consumidores e atingir a meta de vender 20% mais, a Yoki monta barracas similares às de uma quermesse. "Temos 22 categorias de produtos e 650 itens. Para mostrarmos tudo isto, a cada ano, elegemos um ícone da cultura junina e reproduzimos isso dentro das lojas. Cada barraca é tematizada. Uma é de pipoca, e com isso colocamos óleo perto. Uma outra mostra a farofa para o espetinho e a do cachorro quente traz a batata palha", ressalta.

 

Pereira ressalta que a marca também vai aproveitar o clima frio para armar barracas de inverno dentro dos varejos. "Venderemos sopas prontas e as associaremos à temática de Caruaru, em Pernambuco, onde se tomam caldos nas festas. A idéia é melhorar a experiência de compra para o consumidor. Fazer com que ele se sinta na Festa Junina".

 

Nordeste

 

O varejo nordestino é um dos que mais pretendem lucrar no mês das Festas Juninas. Esta é a melhor data para o varejo, depois do Natal, e os varejistas esperam incremento de até 30% nas vendas. Somente em 2008, o Ministério do Turismo concedeu um aporte de R$ 50,6 milhões às Festas Juninas do Nordeste: o montante foi dividido entre 229 eventos em oito estados.

 

Uma das redes que esperam mais movimento é a supermercadista Nordestão. A rede atua há 37 anos em Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte. A rede diz deter 50% do market share local. Segundo Manoel Etelvino de Medeiros, superintendente da rede, as vendas deste ano devem ser 20% maiores com relação às do mesmo período do ano passado. "Preparamos uma série de ações nos pontos-de-venda, de decoração temática até a contratação de trios de sanfoneiros para animarem as lojas. Temos um trabalho de valorização da cultura e do artista da nossa terra."

 

Medeiros relata que no período junino alguns produtos registram um aumento de até 600% nas vendas. "Normalmente são produtos sazonais, como milho, canjiquinhas e alguns temperos."

 

Amendoim

 

Um dos produtos que mais se beneficiam com as Festas Juninas é o amendoim. A expectativa é que os produtos industrializados à base de amendoim movimentem, este ano, cerca de R$ 1,375 bilhão, valor 10% superior ao obtido em 2008. Maio e junho perfazem 28% das vendas no ano. A previsão é vender 50% a mais.

 

De acordo com Renato Fechino, vice-presidente da área de Amendoim da Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), o maior consumo da semente se dá no Sul e Sudeste. "80% do consumo ocorrem nestas regiões. No Nordeste, o que se vende é o derivado de milho. Vamos criar incentivos naquelas regiões." Uma das iniciativas da entidade para alavancar essas vendas foi criar o selo de qualidade "amendoim seguro". "Hoje temos mais de 40 tipos de amendoim no varejo e isto faz ganharmos espaços nas gôndolas. Há tendência de exportação para a Europa."

 

Veículo: DCI


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