No ano em que as lojas passaram meses fechadas, o varejo imaginava que a salvação viria das vendas de final de ano principalmente as da Black Friday. Porém, de acordo com projeções do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo), as vendas do comércio devem continuar em baixa nos próximos meses, e apenas alguns poucos setores vão conseguir recuperar o faturamento.
Segundo os dados, na média do varejo ampliado, o faturamento em novembro (mês da Black Friday) deve ser 6,6% menor que o registrado no mesmo mês de 2019.
Uma das teses que movia a esperança dos varejistas era que o consumidor, impedido de comprar ao longo do ano seja por causa da quarentena ou por causa do medo de perder o emprego , abriria a carteira no último trimestre, compensando as vendas que não foram feitas nos meses anteriores. Mas para a maioria dos lojistas, os números devem continuar no vermelho, e para alguns a queda será de dois dígitos.
Apesar de termos alguns segmentos que podem se beneficiar, exatamente porque as pessoas seguraram a decisão de compra para a Black Friday, o conjunto da obra não é favorável para o varejo. A situação do país ainda é de desemprego e de e incerteza em relação à recuperação da economia, disse Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Ibevar, ao 6 Minutos.
Angelo ainda lembrou que o mercado de trabalho está piorando desde o início do ano, antes de a pandemia chegar ao Ocidente, e que há uma sensação de desesperança geral entre consumidores e empresários.
Setores que avançam
Quando comparamos novembro de 2020 com 2019, só devem avançar os setores de materiais de construção (com alta de 6%), supermercados (com alta de 12,1%) e móveis e eletrodomésticos (com alta de 15,9%).
Alguns setores, como o de supermercados, não fecharam durante a quarentena, e continuam impulsionados pela compra de itens de necessidades básicas. Outros segmentos acabaram se beneficiando porque amorteceram a queda do faturamento com o aumento das vendas online, disse o presidente do Ibevar.
Ainda segundo Angelo, as varejistas de eletroeletrônicos, por exemplo, sofreram muito em março, mas rapidamente se posicionaram para encontrar outros canais de vendas, o que ajudou a amenizar as perdas.
Já quem vende itens que não são de primeira necessidade e quem não tem alta penetração no varejo digital acaba ficando à míngua. Um dos principais exemplos é o varejo de moda, cuja Black Friday deve ter 49% menos vendas do que no ano passado. As livrarias e papelarias devem ter um desempenho parecido, com 43% de queda no faturamento.
Ano perdido para o varejo
De Angelo admite que 2020 foi um ano perdido para o varejo. Nós começamos este ano com expectativa de crescimento de 3% e agora já contamos com uma queda de 6% no faturamento. O bolso do brasileiro foi esvaziado pela crise, diz ele.
Ainda segundo a publicação, perguntado se o pior já ficou para trás, a resposta foi simples e clara: pelo menos para o varejo, não dá para dizer que a ferida foi estancada. Essa pandemia não se compara a nenhuma crise anterior, porque todas as recessões foram gestadas no contexto de economia e desdobradas no mesmo campo. Agora, temos uma crise gestada no campo sanitário e com reflexos enormes para a renda. Costumo comparar a pandemia atual com um cataclismo, porque ela destruiu muitas relações e desorganizou completamente a economia.
Fonte: Newtrade