O álcool em gel continua sendo um produto difícil de ser encontrado em farmácias e supermercados de São José dos Campos e da região do Vale do Paraíba. Para atender ao aumento acelerado da demanda, as farmácias de manipulação da região entraram em cena e começaram a fabricar o produto de forma mais regular, já que a procura praticamente não existia, antes do surto da nova gripe.
A Prolim, fabricante e distribuidora de produtos químicos para limpeza profissional, de Taubaté, ainda não está conseguindo atender a todos os pedidos, apesar de já ter aumentado a produção. A empresa fabrica há mais de 10 anos o álcool em gel, mas estava focada no mercado profissional (hospitais, laboratórios e indústrias). "Nós já tínhamos planos de entrar no mercado de varejo em 2009, mas a pandemia nos levou a antecipar essa estratégia", disse o gerente de Vendas da Divisão Consumo da Prolim, Marcelo Marques.
A empresa entrou de cabeça no mercado de consumo e já é líder de vendas em farmácias do Vale do Paraíba, além de estar atuando também no Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e no sul do país. "Abastecemos 99% das farmácias do Vale do Paraíba, sem contar as redes". A Prolim comercializa a embalagem de álcool em gel de 100 ml, com a marca Hand Gel Prolim.
Nos últimos dois meses, segundo o gerente de marketing da Prolim, Sérgio Eduardo Borges Merlo, a empresa registrou um aumento significativo também nos pedidos de álcool em gel para o mercado externo. "A nossa expectativa é que com a aproximação do inverno nos países europeus a demanda pelo produto seja ainda maior", disse. A Prolim já exporta álcool em gel há mais de cinco anos, para a França, Chile, Peru e Argentina. "Estamos realizando os investimentos necessários para suprir a demanda do mercado nacional e para atender as perspectivas de novos negócios que se abrem em outros países".
Nas 50 filiais da Droga 15 no Vale do Paraíba e Mogi das Cruzes, todo o lote de álcool gel que chega às prateleiras das lojas acaba no mesmo dia. "Só não vendemos mais porque não temos", conta a gerente de Suprimentos da Drogaria, Eliege Aparecida Santana de Sousa. Segundo ela, antes da gripe suína, as farmácias da rede vendiam uma média de 200 a 300 unidades por mês e, desde o fim de julho, esse número subiu para 10 mil frascos.
A Droga 15, de acordo com a gerente, compra álcool em gel de três fornecedores diferentes, nas embalagens de 60 ml e 100 ml. Os preços, segundo ela, registraram no último mês um aumento de 10% a 15%, mas toda semana vêm com alteração.
Com nove filiais na região, a farmácia de manipulação Terapêutica, uma das mais tradicionais do Vale do Paraíba, produziu desde o fim de julho 700 quilos de álcool em gel. "Antes disso a procura pelo produto não existia", comenta a farmacêutica responsável, Bárbara Neme Ribeiro. A Terapêutica vende álcool em gel nas embalagens de 60 e 300 gramas e na de um quilo, que custam R$ 4,50, R$ 16,00 e R$ 32, 00 respectivamente.
O grupo Zaragoza, dono das marcas Spani Atacadista e Villarreal Supermercados também vem encontrando dificuldades para atender a demanda pela compra de álcool gel em suas lojas. "A venda diária de álcool em gel é hoje 20 vezes maior do que se registrava em um mês".
A empresa tem intensificado as solicitações de compra aos fornecedores, inclusive com novas opções, como o álcool em gel com hidratante, além do álcool de uso doméstico, mas ainda não conseguiu receber a mercadoria, que está em falta. O preço dos produtos, segundo o grupo, também dobrou neste último mês, em virtude do aumento da demanda.
"A questão deixou de ser um problema comercial e passou a ser um problema de saúde pública e por isso estamos reduzindo as margens para evitar repassar o aumento integral aos consumidores". Mesmo após a redução dos casos de gripe, a empresa acredita que o consumo de álcool terá um crescimento de 50% em relação ao período pré-crise. "Os consumidores devem adotar uma postura preventiva e tornar corriqueiro o uso do álcool em gel."
Medidas preventivas vêm sendo tomadas também em todas as escolas da região. A Secretaria de Educação de São José dos Campos comprou 1.100 frascos de um litro e outros 4.450 frascos de 500 ml de álcool em gel para abastecer suas 134 escolas, que atendem a 57 mil alunos da rede municipal.
"Para os próximos 30 dias vamos encomendar mais 12 mil litros de álcool em gel, que são utilizados principalmente na higienização das carteiras, objetos e brinquedos nas salas de aula", informou a assessoria de imprensa da Secretaria. Na escola particular Monteiro Lobato, de São José dos Campos, a compra de 30 litros de álcool gel foi feita sem maiores problemas.
"Utilizamos cerca de um litro por dia de álcool em gel, dispostos em 16 dispensers em toda a escola, mas o consumo maior mesmo é o de álcool líquido, que colocamos em pulverizadores e utilizamos na limpeza das alas", explica a orientadora Educacional, Sandra Mara Garcia Moreno.
Veículo: Valor Econômico