A Erasmus, consultoria londrina fundada em 2003, que se auto-define como uma "incubadora de marcas e idéias", uniu-se há três anos a ninguém menos que a Coca-Cola - multinacional criada há mais de um século e que lidera a venda de refrigerantes no mundo. Erasmus e a divisão européia da Coca-Cola formaram uma joint-venture para lançar o energético Relentless. Enquanto a Erasmus cuidou da marca, do posicionamento do produto e da comunicação, a Coca-Cola se encarregou da produção e distribuição. O resultado tem sido tão bom que este ano as duas empresas esperam vender quatro milhões de unidades do energético.
A parceria entre uma pequena empresa de comunicação e uma gigante global de bens de consumo, em que cada uma entra com investimentos do próprio bolso e divide as vendas, seria impensável até pouco tempo atrás. Mas é em busca desse tipo de inovação de sucesso que a The Future Department trabalha. Trata-se de uma rede global com sede em Londres, criada no início de 2007 com a proposta de reunir publicitários, anunciantes, designers, arquitetos e especialistas em comportamento do consumidor de diferentes partes do mundo para a busca de soluções locais.
No Brasil, a rede realiza seu primeiro evento entre os dias 20 e 22 de outubro em São Paulo, no Senac Santo Amaro. Serão convidados os fundadores ou principais executivos de algumas das agências mais ágeis e bem-sucedidas da Europa, Estados Unidos e Japão para contar cases que saíram do lugar comum e apresentaram um retorno positivo para os anunciantes.
A japonesa Drill, as americanas Anomaly, Imagination e Barbarian Group, as européias Oil Communications, Open Intelligence Agency, Tap-Clarity, Jump Studios e a própria Erasmus vão contar suas experiências com seus clientes. Entre eles, nomes como Ford, Samsung, Visa, Levi's, Honda e Nike. Os painéis vão abordar quatro grandes temas: "O novo pensamento das agências", "Comunicação, experiências e ambientes criativos", "Consumidor e insights globais" e "Tecnologia, mobile e TV".
"Os grandes anunciantes sabem que eles precisam inovar se quiserem permanecer no jogo, porque marcas novas e com uma comunicação bem mais ágil ganham cada vez mais espaço", diz Alex West, dono da TFD, empresa de eventos que deu origem à The Future Department. West cita como exemplo a fabricante de bebidas Glaceau, comprada ano passado pela Coca-Cola por US$ 4,1 bilhões. "A Glaceau, fundada em 1996, se tornou uma ameaça para uma gigante como a Coca-Cola", diz ele, que ficou intrigado quando percebeu o movimento de pequenas agências, chamadas de "hot shops", na conquista de grandes clientes.
West começou a reunir especialistas de diferentes disciplinas para discutir temas relacionados ao consumo. A idéia era sair do marasmo criativo em que estão mergulhadas boa parte das produções atuais em propaganda. A idéia deu tão certo que no começo de 2007 West lançou a The Future Department, que além de organizar os encontros anuais para discutir inovação na comunicação também oferece produtos e serviços de especialistas de todo o mundo, que trocam informações em rede.
No Brasil, já tem gente interessada em ouvir o que a nata da propaganda mundial tem a dizer. A incorporadora Rossi, por exemplo, avalia a encomenda de uma pesquisa para saber o que está sendo feito de mais novo pela indústria imobiliária no mundo.
"Agências e anunciantes não podem ficar presos a modelos ultrapassados, é preciso se abrir a novas experiências", afirma José Eduardo Macfarland, ex-Talent, que hoje é country manager da TFD no Brasil.
Veículo: Valor Econômico