As empresas estão pagando mais bônus, comissões e participações nos lucros aos seus funcionários. Segundo pesquisa da Sextante, o rendimento variável pago pelas companhias passou de 15,3% do salário em 1999 para 26,7% em 2007.
Rugenia Maria Pomi, diretora-executiva da Sextante Brasil, afirma que cresce a competição pelos melhores profissionais.
"De 2002 a 2007, nas empresas de siderurgia, por exemplo, aumentaram em 200% os pedidos de demissão dos especialistas." No período, os pedidos cresceram 115% para todos os setores.
O levantamento foi feito com 77 empresas com receita bruta de R$ 669 bilhões e que têm juntas 873 mil funcionários. As companhias foram ouvidas em 2007 e os resultados serão divulgados nesta semana.
A especialista afirma que a política de investir em bônus é eficiente para reter talentos a curto prazo, mas que a pressão por resultados pode mostrar uma outra face: a piora na saúde do funcionário e o aumento das faltas ao trabalho. De 1999 a 2007, as faltas cresceram 44%.
Segundo a consultoria, o foco nos bônus deixou de lado os reajustes nos salários. A pesquisa mostra que, no período, o faturamento das empresas por empregado cresceu 159% e o valor aplicado em salários, benefícios e encargos avançou 89% -a inflação, segundo o INPC, foi de 91%.
O percentual dos lucros que é repartido na forma de participação nos resultados também variou pouco e se mantém em torno de 5% a 6%. O lucro operacional per capta, no entanto, disparou: passou de R$ 16 mil para R$ 162 mil, o que significa um incremento de 912%.
A coordenadora da pesquisa afirma que, apesar do aumento dos rendimentos variáveis, ficou mais barato para as empresas remunerar seus funcionários. Embora os funcionários ganhem mais bônus, a fatia do lucro dividida continua estável e grande parte da remuneração agora depende do desempenho dos trabalhadores.
Veículo: Folha de S.Paulo