Josapar é condenada a indenizar Walmart

Leia em 2min 40s

A indústria de alimentos Josapar, dona da marca de arroz Tio João, foi condenada pela 1ª Vara Cível de Porto Alegre a pagar uma indenização milionária para o Walmart por conta de erros na apuração de passivos da rede de supermercados Real, vendida em 1997. A sentença da juíza Tatiana Di Lorenzo estabeleceu o pagamento de R$ 39 milhões corrigidos pelo IGPM desde a realização do laudo pericial que, conforme o advogado da multinacional americana, Geraldo Gama, foi emitido em março de 2008. Com isso, o débito sobe para R$ 43,1 milhões.

 

Na decisão de primeiro grau, tomada no fim de junho e da qual cabe recurso, a juíza também determinou que o pagamento deve ser feito em 60 dias a contar da publicação da sentença, sob pena de incidência de juros moratórios de 1% ao mês. Segundo Gama, o Walmart vai recorrer pedindo a aplicação do IGPM e dos juros a partir de julho de 2004, quando a Josapar recebeu a citação da ação ordinária de cobrança. Com isso, a indenização saltaria para R$ 106 milhões.

 

O Valor procurou a Josapar ontem, mas nenhum executivo estava disponível para comentar o assunto. No relatório da administração do exercício de 1997, a empresa informou que a venda da rede Real havia representado um aporte de capital de giro de R$ 22,5 milhões, em valores da época. Em 2009, a receita líquida da companhia somou R$ 691,8 milhões.

 

O controle do Real foi adquirido em 1997 pelo português Sonae que, em 2005, vendeu suas operações de varejo no Brasil para o Walmart. A ação de cobrança foi junto. Conforme Gama, quando negociou a rede, a Josapar descontou do preço o equivalente a US$ 35,7 milhões em débitos da antiga controlada e assumiu o compromisso de pagar valores excedentes que viessem a ser apurados pelos novos controladores, que desde 1989 detinham participação minoritária no negócio e, até aquele momento, não integravam a administração.

 

"Mas depois apareceram débitos não informados", disse o advogado. Segundo ele, os passivos adicionais referiam-se a dívidas trabalhistas, com ICMS e fornecedores. Como não houve acordo, o Sonae entrou com a ação de cobrança em março de 2004. Este é o único processo em tramitação envolvendo as aquisições do Sonae nos anos 90, incluindo as redes Exxtra Econômico, Nacional, Mercadorama, Coletão e Muffatão, diz Gama.

 

Na sentença disponível na página do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul na internet, a Josapar alega que a cobrança do Sonae (e depois do Walmart) é indevida porque não havia previsão contratual para pagar "toda e qualquer situação" surgida após a venda. Diz que os débitos em questão foram originados pelo autor da ação e, portanto, não caberia cobrança.

 

A juíza, entretanto, entendeu que o contrato firmado em 1997 estabelecia a obrigação da Josapar de "arcar com os débitos advindos das demandas judiciais referidas", que excederam o endividamento líquido reconhecido na operação
 

 

Veículo: Valor Econômico


Veja também

Revista íntima na Riachuelo

Acordo judicial celebrado na 3ª Vara do Trabalho de Campina Grande pôs fim à revista íntima dos...

Veja mais
IPEM

Produtos checados pela equipe do Instituto de Pesos e Medidas vão de paçocas a bandeirolas   Em out...

Veja mais
Lenta redução da burocracia

Resolução assinada na semana passada pelo ministro do Desenvolvimento (MDIC), Miguel Jorge, mostra como pe...

Veja mais
Carga de imposto deste ano deve bater recorde

Previsão é de que a arrecadação de tributos alcance 34,7% do PIB em 2010   A carga tr...

Veja mais
Ministério do Trabalho reduz ações de fiscalização e multa menos empresas

A redução do quadro de auditores fiscais do trabalho compromete a fiscalização das empresas ...

Veja mais
Walmart desembolsa US$ 1 mi para evitar multa de US$ 7 mil

Por conta de imbróglio na Justiça, e por não aceitar acordos anteriores, a rede norte-americana de ...

Veja mais
Senado amplia licença-maternidade

Projeto aprovado torna obrigatória a extensão do prazo de quatro para seis meses; medida hoje é fac...

Veja mais
Assédio moral coletivo já preocupa empresas

Obrigar o funcionário a fantasiar-se de palhaço, chamar uma empregada por apelido constrangedor, coagir um...

Veja mais
Guerra contra a gordura

Anvisa impõe restrições à propaganda de alimentos e bebidas. A indústria não g...

Veja mais