Varejo quer debater excessos de sal e açúcar

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A Associação Paulista de Supermercados (Apas) deve propor hoje, na abertura do congresso anual do setor, a criação de um conselho formado pelo varejo e pela indústria para discutir alternativas à venda de produtos com excesso de sal, açúcar e gordura, que podem fazer mal à saúde. Os supermercados, que até então acompanhavam a polêmica à distância, devem entrar nessa discussão para reforçar o coro a favor da mudança na composição dos produtos. O tema estará na apresentação do presidente da Apas, João Galassi, na abertura do evento hoje, em São Paulo.

A ideia é formar um conselho com representantes de redes nacionais e estrangeiras, como Walmart e Casino, por exemplo, e fabricantes globais de alimentos, e as primeiras reuniões podem ocorrer na sede da associação. A intenção não é "comprar uma briga" com a indústria. "A ação depende deles, mas essa não é uma discussão unilateral. Já há um entendimento entre fabricantes de que é preciso trazer alternativas mais saudáveis ao consumidor", disse o presidente da Apas.

"Como associação, não dá para deixarmos esse assunto de lado ou, daqui a alguns anos, teremos no varejo algumas redes envolvidas nessas mudanças e outras, totalmente fora dessa discussão".

E o varejo poderia deixar de comprar produtos considerados nocivos à saúde, como espécie de boicote? "Não é algo a ser tratado do ponto de vista comercial. É de interesse social. Simplesmente vender algo repleto de açúcar e sal não tem sido mais aceito pelo consumidor. E o varejo não pode deixar de se posicionar", disse Galassi.

O Walmart nos Estados Unidos já afirmou que tem como meta reformular milhares de produtos da marca própria "Great Value" de 2011 a 2016, cortar o sódio em 25% e o açúcar em 10%, além de pressionar os maiores fabricantes de alimentos a fazer o mesmo. É uma ação focada apenas no mercado americano. Para efeito de comparação, a Whole Foods, maior rede de comidas orgânicas e naturais dos EUA, com 335 lojas, cresceu, no acumulado de 2008 a 2012, 46,2%. Na maior varejista britânica, a Tesco, a alta foi menor, de 39,2% e o Walmart teve expansão de 18,7% no mesmo período.

Por loja, a Whole Foods fatura ao ano US$ 35 milhões, em média. No Walmart, o valor é maior, US$ 44 milhões ao ano por unidade no mundo. Se a expansão da Whole Foods continuar nesse ritmo, assim como o Walmart, em dois anos a rede preferida dos vegetarianos nos EUA vai superar o valor da venda por loja do Walmart.

Apesar dos anunciados esforços de algumas empresas, em reduzir níveis de sódio e açúcar de certos alimentos, muitas das mudanças na composição dos produtos ainda estão em análise no mundo. No Brasil, o governo firmou compromisso com a indústria em 2011 para redução gradual do sódio em 16 categorias de alimentos até 2020, começando por massas instantâneas, pães e bisnaguinhas.



Veículo: Valor Econômico


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