A União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências (Univinco) vai realizar hoje uma reunião com os lojistas da região para discutir como será a substituição das sacolinhas plásticas. A opção encontrada pela associação é a utilização de sacolas feitas em papel. “Estamos pensando em uma forma para que a mudança não influa nos preços”, afirma o diretor da Univinco, Eduardo Ansarah.
Na região, por onde circulam cerca de 500 mil pessoas por dia, a estimativa é que pelo menos metade saia de alguma das 3.500 lojas com uma sacola. “Somos a região das sacolinhas plásticas”, brinca Ansarah.
Ele conta que na reunião os lojistas serão orientados a reduzir o estoque das sacolas de plástico até o fim do ano, para que em janeiro de 2012 seja possível cumprir a lei sancionada ontem pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD). A Univinco afirma que está fazendo a cotação de preços das novas sacolas.
“Do ponto de vista ambiental, a lei é um passo importante, mas deveria estar integrada em uma política pública ambiental que oriente a população sobre a escolha do produto adequado, sobre reciclagem”, afirma o ambientalista Carlos Bocuhy, integrante do Conselho Nacional de Meio Ambiente.
Segundo ele, no “país do jeitinho”, poderão ser criadas alternativas para a substituição das sacolinhas plásticas nas residências. “Você abole a sacola do supermercado, mas o saco do arroz ou do açúcar pode servir para colocar o lixo. Eles não são biodegradáveis. Toda a cadeia tem de estar adequada. É preciso pensar em questões como esta”, diz Bocuhy.
Para Nina Orlow, da Rede Nossa São Paulo, é insuficiente banir a sacolinha se muitas residências não são atendidas por serviços como a coleta seletiva. “Estamos perdendo a oportunidade de fazer uma campanha sobre o comportamento das pessoas em relação ao consumo, aos produtos colocados à disposição, ao desperdício.”
Outra preocupação é que restringir a distribuição da sacolinha pode criar a sensação de que só isso basta para o meio ambiente. “As pessoas podem achar que já estão sendo super ecológicas só por não usar sacolinhas.”
Para pessoas como a dona de casa Nair Pinto Trevisan, de 77 anos, a lei é importante, mas cumprir vai ser difícil. “Vai ser um pouco ruim, porque nós mulheres estamos acostumadas com a sacolinha. Eu uso para colocar lixo, roupa molhada quando viajo. Não sei como vou fazer. A Prefeitura não deu nenhuma alternativa”, diz.
O estudante de economia Filipe Barros, 23 anos, diz que só usa sacolas retornáveis para fazer compras. Mas o lixo da cozinha e do banheiro acaba indo para uma sacola “Estou pensando em fazer uma composteira, e para o lixo do banheiro, sacos feitos de jornal.” O restante – potes de plástico, vasilhas de vidro e papel – é separado e levado para a reciclagem.
CRISTIANE BOMFIM
Fonte: Estadão.com.br (20.05.11)