Brasil Foods, resultado da fusão das duas empresas, diz que abrir mão de produto 'premium' é desfazer negócio
A BRF (Brasil Foods) e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, chegaram a um impasse nas negociações da fusão entre Sadia e Perdigão por conta do uso das marcas.
A fusão entre as duas empresas, que resultou na BRF, poderá ser vetada pelo conselho caso as duas partes não cheguem a uma solução para manter a concorrência em segmentos como os de pizza congelada, hambúrguer e empanado de frango.
Segundo a Folha apurou, os conselheiros querem a retirada de uma das marcas em ao menos alguns mercados mais problemáticos, mas a empresa está irredutível nesse ponto.
Para a BRF, contudo, abrir mão de uma das marcas "premium" é o mesmo que desfazer a fusão.
Fontes ligadas às negociações disseram que as conversas foram divididas em três pontos, mas estes não foram detalhados.
Em dois deles já existe praticamente um consenso, mas, em relação às marcas, os dois lados não conseguem chegar a um ponto comum.
Esse impasse, porém, poderá levar ao insucesso de toda a negociação e ao veto do negócio pelo Cade.
CONSENSO
Um dos pontos em que já há consenso é a necessidade de a BRF, em alguns segmentos, vender cadeias inteiras de produção.
Como a Folha noticiou na terça-feira, a proposta da empresa é, no caso de empanados de frango, por exemplo, repassar a um concorrente abatedouros, frigoríficos, fábricas, marcas secundárias e centros de distribuição, o que possibilitaria à empresa ter acesso a todas as etapas da produção.
Anteriormente, a BRF se dispunha a vender ativos isolados, o que o Cade via como insuficiente para a empresa compradora concorrer com Sadia e Perdigão.
Para o conselho, porém, a venda das cadeias não seria suficiente sem resolver a questão das duas marcas principais.
SOLUÇÕES ESPECÍFICAS
Apesar da divisão da negociação em três pontos principais, estão sendo estudadas soluções específicas para cada mercado, além do remanejamento de fábricas e linhas de produção.
Isso porque as indústrias produzem vários itens diferentes -como congelados e laticínios, por exemplo- e em alguns deles não há problema de concentração exagerada de mercado, dispensando a intervenção do Cade.
A fusão deverá ir a julgamento pelo conselho no próximo dia 13.
LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA
Fonte: Folha.com.br (07.07.11)