Hotel de luxo em São Paulo tinha alimentos vencidos

Leia em 2min 40s

Chef e nutricionista do Grand Hyatt foram presos e liberados após fiança

Polícia apreendeu 100 kg de produtos fora da validade, alguns desde 2008; jantar custa até R$ 350 por pessoa

DE SÃO PAULO

São 27 itens e cerca de 100 kg de alimentos como filé-mignon, palmito pupunha, galinha de angola, pato defumado e molho japonês. Em comum, esses produtos têm a data de validade vencida e estão na relação de produtos apreendidos pela polícia ontem no Grand Hyatt, um dos mais luxuosos hotéis de São Paulo.


A operação ocorreu na manhã de ontem após uma denúncia anônima. O chef Tommy Franssila, 39, e a nutricionista Amanda Ciocler, 27, foram presos como o responsáveis pelo armazenamento. Eles foram soltos à noite após pagar uma fiança de cinco salários mínimos (R$ 2.725).


Um jantar no Grand Hyatt, localizado na zona sul, chega a custar, em ocasiões especiais, R$ 350 por pessoa. Nele, já se hospedaram personalidades como o ex-Beatle Paul McCartney e o Dalai-Lama.


De acordo com o delegado Paulo Alberto Mendes Pereira, da Delegacia de Saúde Pública, parte dos produtos tinha poucos dias de vencimento e outros estavam vencidos desde 2008, mas o principal motivo da prisão foi a "quantidade e diversidade de produtos". Eles estavam, segundo a polícia, na câmara fria central, junto com os outros produtos, e em potes abertos no restaurante central.

CRIME CULPOSO


A acusação é de crime contra as relações de consumo. A polícia disse não haver indícios de que os produtos estavam armazenados deliberadamente. Por isso, enquadrou o crime como culposo, isto é, não intencional, considerando ter havido negligência dos profissionais.


Isso reduz a pena em um terço, segundo ele, no caso de eventual condenação. A pena prevista vai de um ano a cinco de detenção. Segundo a polícia, neste ano já foram apreendidas 130 toneladas de produtos vencidos em vários tipos de estabelecimentos, desde bar a supermercados.
No Rio, no mês passado, operação da polícia apreendeu 200 kg de alimentos considerados impróprios nos hoteis Othon, Marriott, Pestana e Sofitel. Quatro pessoas foram detidas.

OUTRO LADO

Hyatt diz que prioriza saúde dos hóspedes


O Grand Hyatt de São Paulo informou, em nota, que segue "os mais rigorosos procedimentos de segurança alimentar" e que já "está tomando providências imediatas de aprimoramento de seus sistemas de controle".


"O bem-estar, a saúde e a segurança de seus hóspedes e funcionários são prioridade", diz trecho da nota. O hotel confirmou a apreensão, mas afirmou que os produtos estavam "com a devida identificação".


"Estes alimentos estavam armazenados na câmara fria e fora de contato com os produtos manipulados na cozinha central dos restaurantes. Ainda assim, eles deveriam ter sido descartados."


A polícia diz, porém, que não havia essa identificação obrigatória e que havia produtos na cozinha central. Os funcionários disseram à policia que os produtos vencidos jamais chegariam aos clientes porque há mais duas fases de análise das mercadorias utilizadas. Eles disseram que pode haver também erro nas datas coladas em algumas etiquetas.



Fonte: Folha de S. Paulo (08.11.2011)


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