Antes restrito às feiras livres, o carrinho de compras ressurgiu --agora, cheio de estilo. O modelo tradicional, imortalizado pelas vovós, continua no mercado, mas vem acompanhado de versões modernas. Elas vão das dobráveis, para colocar no porta-malas do carro, a outras de tecido ou plástico.
Um dos motivos para recauchutá-lo é o acordo firmado pela Apas (Associação Paulista de Supermercados) que suspendeu, em 25 de janeiro, a distribuição gratuita das sacolinhas plásticas.
O prazo para os clientes se adaptarem, no entanto, foi estendido até 3 de abril, após acordo com o Ministério Público e o Procon.
Galeria: confira modelos e preços de carrinhos de compras
Capaz de aguentar cargas maiores sem demandar muito esforço dos consumidores, o carrinho se tornou uma alternativa mais confortável às sacolas de tecido --as "ecobags".
"Tivemos de contratar 40 funcionários em janeiro, mês tradicionalmente fraco, para dar conta do aumento de 40% na produção", diz Bruno Hernandes, responsável pelo marketing da fábrica Arthi.
Outras empresas se prepararam antes para o aumento da demanda. É o caso da Casa Ambiente, que diz ter ampliado a produção de carrinhos e outros suportes para compras desde o ano passado.
"Esperávamos essa maior procura, pois foi o que ocorreu em outros Estados onde a lei das sacolinhas pegou", afirma a gerente de marketing Andrea Bilheiro, que não sabe dizer de quanto foi o aumento.
A carioca Top Rio, que traz da China carrinhos de tecido impermeável, diz que suas vendas cresceram 51% nos últimos três meses de 2011, puxadas pela demanda paulista. "O boom foi em dezembro. Nossos estoques estão acabando", diz Roberta Nascimento, da empresa que importa o produto.
São da Top Rio alguns dos carrinhos que a reportagem encontrou na rua 25 de Março, na região central. Ali, os preços do modelo de tecido variam de R$ 27,99 a R$ 40,50.
SEM CARREGAR PESO
O estilista Alex Cassimiro, 33, antecipou-se ao fim das sacolinhas e aderiu ao carrinho há um ano. "Odeio acumular saco plástico. Compro roupa e ponho direto na bolsa. Chego a carregar refrigerante na mão", afirma ele, que prefere as rodinhas à sacola de pano. "Com o carrinho, você não leva peso como na 'ecobag'."
A escolha, porém, exige cuidados com a postura, diz a fisioterapeuta Gerseli Angeli, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). "Com as sacolinhas, as compras eram guardadas em doses homeopáticas no porta-malas. Agora, tudo é erguido de uma vez e pode trazer problemas às costas."
A dica é agachar dobrando os joelhos e usar a força das pernas para levantar o peso. "Mas o joelho não pode passar da ponta dos pés para não ser lesionado", avisa Gerseli. Segundo ela, a alça do carrinho deve estar na altura do quadril, para não ser necessário abaixar na hora de puxá-lo.
DANILA MOURA
GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO
Fonte: Folha.com (17.02.12)