Com fim do boicote, distribuidoras montam operação especial de abastecimento
11 donos de postos são suspeitos de praticar preço abusivo durante manifestações contra restrição de caminhões
Presidente do Sindicom (sindicato das distribuidoras de combustível), Alísio Vaz disse ontem que os postos da região metropolitana de São Paulo estarão abastecidos até o início da próxima semana.
Para isso, armou esquema especial de entrega no fim de semana, inclusive domingo.
Alísio se reuniu ontem com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) no Palácio dos Bandeirantes, três dias após o início da greve em protesto às restrições a caminhões na marginal Tietê feitas pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD).
Alckmin prometeu manter a escolta da PM para garantir que os caminhões cheguem aos postos -nos primeiros dias de protesto, manifestantes impediram a entrega. Vaz, no entanto, afirma que os caminhões já estão entregando combustível sem escolta.
Anteontem, Kassab se negou a flexibilizar as restrições temporariamente, até que os postos voltassem a ser abastecidos. O prefeito diz que manterá o limite de circulação de caminhões, mas promete não punir caminhoneiros com escolta, mesmo que circulem no horário de restrição.
"Alterações poderão ocorrer. Aperfeiçoamentos que se mostrem necessários evidentemente serão implantados", afirmou ontem Kassab, referindo-se a eventuais mudanças na nova regra, criada para reduzir o trânsito na marginal Tietê e em seus arredores.
Segundo José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro (sindicato dos donos de postos de gasolina), algumas companhias estão se arriscando a levar multas para abastecer nos horários de restrição.
Ele mantém a previsão de que a situação na cidade só será completamente normalizada entre sete e dez dias.
A Folha percorreu ontem sete postos no centro; cinco estavam sem gasolina. Um deles, na avenida Angélica, recebeu 10 mil litros de gasolina às 5h de ontem e, às 13h, tinha só 4.700 litros restantes.
De um posto com filas na Consolação, o funcionário público Jorge Moreira Vaz, 52, levou um galão de dez litros para colocar no carro, deixado no trabalho com o tanque vazio. Ele foi de carona no carro da mulher, que saiu de Campinas para "resgatá-lo".
PREÇO
Até ontem, 11 donos de postos de combustíveis tinham sido indiciados sob a suspeita de violar a lei de economia popular (obter ou tentar obter ganhos ilícitos mediante especulações ou processos fraudulentos). A pena para esse delito vai de seis meses a dois anos de prisão.
O Procon recebeu mais de 200 denúncias de abuso na cobrança pelos combustíveis.
(GIBA BERGAMIM JR., CRISTINA MORENO DE CASTRO E EVANDRO SPINELLI)
Fonte: Folha.com.br (09.03.12)