O real valorizado, que encarece o produto brasileiro vendido no Exterior, e o ingresso de importados mais baratos resultam em queda na produção industrial. Na tentativa de reverter esse quadro, o governo anuncia hoje um pacote para aliviar tributos e facilitar o crédito. Confira nesta página e na seguinte como segmentos de forte atuação no Estado podem se beneficiar com as medidas
Setor mais debilitado da economia brasileira, a indústria conhecerá hoje os detalhes do pacote que o governo federal lançará para compensar as dificuldades impostas pelo câmbio e pelos altos custos de produção. O conjunto de medidas, que inclui corte de impostos e financiamentos mais baratos, será anunciado às 10h pela presidente Dilma Rousseff e é aguardado com expectativa pelos empresários gaúchos.
Uma das estratégias para debelar a crise será recuperar a força original do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), criado em 2009 exatamente para a indústria brasileira de máquinas e equipamentos contornar os reflexos da turbulência global no país. Juros serão reduzidos e prazos de pagamento, ampliados, o que significa a chance de reaquecer as vendas de segmentos de peso da indústria gaúcha, como de carrocerias de ônibus, tratores e implementos rodoviários. Apenas o PSI pode ter R$ 30 bilhões a mais disponíveis para empréstimos, se houver demanda.
Além de incentivar investimentos, o governo promete cortar impostos. A expectativa é de que custos menores obtidos com o alívio tributário na folha de pagamento melhorem as condições de competição. Setores tradicionais, como os de móveis, autopeças e plásticos, deixarão de pagar ao INSS valor equivalente a 20% sobre os salários. Em troca, recolherão 1% em relação ao faturamento no Brasil – e nada sobre as vendas ao Exterior.
– Essa medida vai beneficiar principalmente pequenas e médias empresas que utilizam muita mão de obra e exportam – reforça Ivo Cansan, presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs).
Juro do PSI pode voltar para 4,5%
Na agroindústria, área em que o Estado responde por mais de 60% da produção nacional, a expectativa é de que o juro do PSI retorne a cerca de 4,5% ao ano. Seria um empurrão, depois de a seca ter reduzido o ânimo de investir dos produtores, avalia Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul.
As indústrias de carrocerias de ônibus do Estado, de onde sai mais da metade da produção brasileira, esperam que o crédito mais barato compense uma dificuldade extra. Desde janeiro, os veículos são montados com motor menos poluente que deixa a produção até 20% mais cara.
*Colaborou Erik Farina
CAIO CIGANA*
Fonte: Zero Hora (03.04.12)