Fórum das Sacolas Plásticas será realizado amanhã com presença de empresários e ambientalistas
O lema das sacolinhas plásticas no Rio Grande do Sul é o clássico “não tá morto quem peleia”. Um evento que será realizado amanhã, em Porto Alegre, irá expor argumentos de que o objeto – eleito sumariamente um dos vilões da onda sustentável e já banido de alguns pontos do país – ainda pode ser uma boa opção para embrulhar as compras dos gaúchos.
Promovido pela Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), o 2º Fórum Agas das Sacolas Plásticas: Problema ou Solução, que ocorre no Hotel Deville, trará biólogos, engenheiros, ambientalistas e representantes da indústria para debater a questão. O objetivo, segundo o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, é que não seja tomada nenhuma medida prematura contra as até então indefesas sacolinhas sem que o tema seja amplamente debatido.
Um dos argumentos é de que o consumidor continuará utilizando plástico para descartar o lixo, porém terá de comprá-lo.
– É muito fácil simplesmente marginalizar a sacola plástica. E estamos em um momento em que um político, por exemplo, pode querer aparecer e propor uma proibição sem apresentar uma alternativa. Assim, só vai mudar a cor do saco de lixo – avalia Longo.
O caminho classificado por Longo como “radical” foi o escolhido por São Paulo. A cidade deu fim às sacolas plásticas em 25 de janeiro, quando passou a valer um termo de ajustamento de conduta da Associação Paulista de Supermercados (Apas) com o Ministério Público. Desde então, não há mais sacolas nos caixas das principais redes. Segundo o presidente da Apas, João Sanzovo, passados pouco mais de três meses da medida, foi possível reduzir em 90% um consumo que, no período, seria de 2,5 bilhões de sacolas. Uma transição considerada “mais tranquila do que se esperava”.
– É o que acontece quando não é uma demanda nossa, mas da sociedade – avalia Sanzovo.
De acordo com Felipe Zacari Antunes, gerente de sustentabilidade do Walmart Brasil, além de cumprir a regra na capital paulista, a empresa traçou como objetivo reduzir em 50% a distribuição de sacolas nos supermercados da rede até 2013. A rede dá desconto de R$ 0,03 a cada cinco produtos se o cliente não usar sacolas para acondicioná-los.
– Desde 2008, são 67 milhões de sacolas plásticas a menos e mais de R$ 2 milhões em desconto para os clientes no país. No Rio Grande do Sul, são R$ 528 mil em descontos e 17,6 milhões de sacolas a menos – calcula Antunes.
A rede Zaffari, por sua vez, optou por desenvolver a própria sacolinha junto à Braskem – de “plástico verde”, feito a partir do etanol da cana de açúcar e com matéria-prima renovável – além de comercializar ecobags a preços subsidiados. O presente de Natal para os clientes da rede, em 2011, foi uma ecobag. O Carrefour também aposta na difusão das sacolas reutilizáveis, comercializando dois modelos de ráfia a R$ 0,49.
Embora comemore o resultado obtido em São Paulo, o presidente da Apas não condena os colegas do Rio Grande do Sul:
– A gente conhece o posicionamento da Agas, e respeita. Reconhecemos que cada região tem o seu tempo para as mudanças, mas ele inevitavelmente caminha para a redução.
Nesse ponto, paulistas e gaúchos concordam:
– O caminho é conscientizar os clientes e os caixas a utilizar a capacidade máxima das sacolas e incentivar os tipos retornáveis. Nem sempre o cliente precisa da sacola, mas, quando precisa, a solução não é proibir – avalia Longo.
CAUE FONSECA
Fonte: Zero Hora (10.04.12)