Europeus prometem reagir a barreiras ao vinho estrangeiro no Brasil

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Governo estuda aumentar impostos ou limitar entrada de produto estrangeiro; medida não afetaria Mercosul.


De Paris para a BBC Brasil - Os produtores de vinhos europeus consideram que a eventual adoção, pelo governo brasileiro, de medidas de salvaguarda ao produto nacional seria "inaceitável" e afirmam que farão "tudo" para proteger os interesses comerciais das vinícolas do continente. 


O governo brasileiro estuda a possibilidade de aumentar os impostos de importação de vinhos (que têm atualmente alíquota de 27%) ou limitar sua entrada no país por meio de cotas. 


A possível adoção da medida "é totalmente injustificável", disse à BBC Brasil José Ramón Fernandez, secretário-geral do Comitê Europeu das Empresas de Vinho (CEEV), que diz representar 90% das exportações europeias da bebida. 


"Estamos em contato com as autoridades europeias e faremos todo o necessário para impedir que o Brasil adote ações protecionistas", completa. 


A Secretaria de Comércio Exterior abriu, em 15 de março, uma investigação para avaliar se o vinho brasileiro estaria ameaçado pela concorrência dos importados, que se tornaram mais competitivos com a valorização do real.

 

"O Brasil precisa ser sério e pensar duas vezes se deseja construir relações sérias com seus parceiros comerciais", diz o representante do CEEV, se referindo às negociações - que existem há anos - para a criação de uma área de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. 



Mercosul 


Caso aplicadas, as medidas de salvaguarda do setor não afetariam os países do Mercosul por conta de acordos firmados, afirma o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. 


Segundo dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), o Chile continua na liderança no ranking dos maiores exportadores da bebida ao Brasil, com 26,7 milhões de litros vendidos em 2011.

 

O Chile e a Argentina (com 17,7 milhões de litros) representam sozinhos mais da metade do mercado de vinhos importados vendidos no Brasil em 2011, que foi de 77,6 milhões de litros. 



Europa 


Os produtores europeus, que também têm uma participação expressiva nas vendas de vinhos no Brasil, seriam os principais penalizados pela eventual medida. 


Itália, Portugal, França e Espanha estão, respectivamente, no terceiro ao sexto lugar no ranking dos principais países exportadores de vinhos estrangeiros para o Brasil, segundo a Ibravin. 


A Itália exportou 13,1 milhões de litros de vinho ao Brasil em 2011. Portugal totalizou 8,6 milhões de litros, com aumento de 6,2% no volume no ano passado. 


Já a França e a Espanha tiveram um crescimento significativo em termos de volume em 2011: as vendas de vinhos franceses, que totalizaram 5,1 milhões de litros, aumentaram 20,4% e, a dos espanhóis (2,8 milhões de litros), subiram 31,7%, diz a Ibravin. 



França 


Os vinhos franceses, considerados mais prestigiosos, são os mais caros do mercado brasileiro, diz um estudo do Comitê Europeu do Vinho. 


Em termos de faturamento, as vendas de vinhos franceses no Brasil, incluindo champanhes e outros espumantes, cresceram 161% entre 2002 e 2011, afirma Benoît Stenne, diretor-adjunto da Federação de Exportadores de Vinhos e Destilados (FEVS, na sigla em francês). 


As vendas de vinhos franceses (incluindo champanhes) passaram de 14,2 milhões de euros em 2002 para 37,2 milhões de euros no ano passado, segundo a federação. 

O mercado brasileiro ainda é minúsculo na comparação com as vendas globais de vinhos franceses (é apenas o 29° mercado do produto) mas "há um grande interesse das vinícolas da França em relação ao Brasil", afirma Stenne. 


O porta-voz da entidade ressalta que o Brasil "é um dos países que registram maior crescimento nas vendas nos últimos anos". 


As medidas em estudo pelo governo provocaram reações também no Brasil, com propostas de boicote ao vinho nacional para protestar contra as eventuais salvaguardas aos importados. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC. 


Fonte: Estadão.com.br (12.04.12)

 


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