Coca-Cola e PepsiCo reagem à campanha antiaçúcar

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Durante anos, a cidade de Nova York fez campanhas para reduzir o consumo de refrigerantes com açúcar. Os anúncios mais recentes, espalhados por todo o metrô de Nova York, comparam o conteúdo dos refrigerantes açucarados a imagens de sachês de açúcar e gordura escorrendo.


Agora, fabricantes como a Coca-Cola e a PepsiCo decidiram confrontar as autoridades sanitárias da cidade com a primeira campanha conjunta na história da indústria de refrigerantes, no metrô. Cartazes dentro dos vagões apregoam as alternativas de baixas calorias e de tamanhos menores das embalagens como progressos contra a obesidade.


A campanha da cidade contra os refrigerantes é "discriminatória e distingue um produto entre uma série de alimentos e bebidas que contribui igualmente para essa questão muito complexa", disse Chris Gindlesperger, porta-voz da Associação da Indústria de Bebidas Não Alcoólicas dos EUA (ABA, na sigla em inglês), grupo setorial lobista que encomendou os anúncios favoráveis aos refrigerantes.


As fabricantes de refrigerantes tentam reverter sete anos de queda nas vendas, que movimentam US$ 74 bilhões por ano e ainda geram a maior parte de seus lucros. Um dos motivos do declínio é que alguns consumidores vêm evitando o açúcar e adoçantes artificiais. A indústria gastou dezenas de milhões de dólares para derrubar a proposta de aumento nos impostos sobre as bebidas com açúcar no Estado de Nova York e em outros lugares.


A campanha de anúncios faz parte dos esforços conjuntos das fabricantes para ganhar a briga de relações públicas contra governos estaduais e locais. PepsiCo, Coca-Cola e a ABA gastaram US$ 70 milhões em campanhas de lobby e em anúncios desde o início de 2009, segundo a organização de direito dos consumidores Centro pela Ciência no Interesse Público (CSPI). Nesse período, pelo menos 30 Estados propuseram impostos agressivos sobre o consumo de refrigerantes, que acabaram derrubados após a reação da indústria.
Desde que colocou seu primeiro anúncio no metrô, há quase três anos, a Secretaria de Saúde de Nova York tinha toda a rede para si, sem ser rebatida. A nova campanha da cidade, financiada com verba federal de US$ 100 mil, inclui 1 mil cartazes dentro de 20% dos vagões do sistema, segundo Sam Miller, porta-voz da secretaria. São feitas 5,3 milhões de viagens por dia de semana em todo o sistema.


Os anúncios, alguns em espanhol, mostram uma nuvem de sachês de açúcar sendo derramados e transformando-se em gordura escorrendo sobre embalagens de bebidas, com a frase "Are you Pouring on the Pounds?" (algo como, você anda bebendo uns quilos extras?). Um dos anúncios atesta que beber três garrafas de refrigerantes ou bebidas isotônicas de 600 mililitros ou três de bebidas energéticas de 480 mililitros equivalem a consumir 40 sachês de açúcar. Os anúncios, que ficarão por mais três meses, alertam para o fato de que calorias em excesso podem levar à diabete e a doenças cardíacas.


O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, defende impostos estaduais sobre as bebidas com açúcar. Seu gabinete encarregou a Secretaria de Saúde de lidar com as perguntas sobre a questão. Bloomberg é fundador e dono da maior parte do capital da Bloomberg LP, que controla a "Bloomberg".


"Os americanos estão literalmente bebendo gordura", disse o comissário da secretaria, Thomas Farley, por e-mail. "Para conter o marketing irresponsável da indústria, estamos comprometidos a mostrar aos nova-iorquinos os fatos sobre os perigos de consumo em excesso".


Os anúncios das fabricantes de refrigerantes, por sua vez, mostram trabalhadores da Coca-Cola, Pepsi, Dr Pepper e SunnyD, lado a lado, empurrando carrinhos de mão cheios de garrafas de refrigerantes, sucos, bebidas isotônicas e água, nos quais se lê: "Mais escolhas. Porções menores. Menos calorias. As empresas de bebidas dos EUA estão trabalhando." Outro anúncio tem manchete: "Mais escolhas". E acrescenta: "Estamos dedicados a ajudá-lo a escolher o que é certo para você."


Os anúncios fazem parte de uma campanha de relações públicas de abrangência nacional, iniciada em fevereiro, e são um desdobramento de programas similares da ABA nos últimos anos. "Precisamos fazer nossa parte para enfrentar a obesidade e é isso que estamos fazendo", disse Gindlesperger, citando a retirada dos refrigerantes sem redução de calorias das escolas em 2006 e os rótulos com informações mais claras sobre as calorias.


Os anúncios da ABA no metrô não foram uma resposta direta à "blitz" da secretária de saúde no transporte, disse Gindlesperger. Ele não divulgou o custo da campanha nem quantos vagões serão incluídos. Os cartazes ocupam todos os espaços de publicidade interna de todo um lado de um vagão. A Coca-Cola e a PepsiCo encarregaram a ABA de responder as perguntas sobre o assunto.


Mais de 35% dos adultos e cerca de 17% dos jovens nos EUA - aproximadamente 90 milhões de pessoas - são considerados obesos, de acordo com a agência federal Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC). Os defensores de aplicar impostos sobre as bebidas com açúcar dizem que é uma forma eficiente de reverter essa tendência em direção à obesidade.


Seja qual for a causa, a obesidade nos EUA traz um custo financeiro "assombroso", segundo o CDC. No total, contando desde os remédios contra a diabete até a perda de empregos por obesos, o custo chegou a US$ 147 bilhões em 2008.


Fonte: Valor Econômico (10.05.12)

 


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