Os produtores e exportadores de carne suína, frango e soja querem maior agilidade do governo no ressarcimento de créditos referentes ao PIS/Cofins para compensar o aumento dos insumos agrícolas. O pedido foi feito ontem pelos representantes desses segmentos ao secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Se atendida essa demanda, os produtores, que sofrem com o aumento dos insumos devido à quebra de safra da produção americana, poderão ter um alívio de caixa.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, afirmou que a elevação dos preços do milho e do farelo de soja têm pressionado o preço da carne e que, em algum momento, isso poderá ser transferido gradualmente aos consumidor.
Camargo reforçou, ainda, que uma agilidade maior na liberação dos créditos dará um alívio financeiro ao segmento, que está pagando bem mais caro pelos insumos agrícolas. Os créditos antigos, segundo ele, são pagos em até cinco anos. Recentemente, esse período caiu para entre dois a três anos, mas ainda é considerado longo.
Além de rapidez no ressarcimento, o diretor de mercado interno e externo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Ricardo Santin, pediu ao Ministério da Fazenda a criação de uma linha de crédito emergencial às empresas do segmento, assim como uma prorrogação dos prazos do Refis para quem já estiver incluído no programa de parcelamento do governo federal.
Segundo o diretor, o custo da produção teve alta de 30%, em média, devido ao impacto dos preços dos insumos. Parte desse aumento já está sendo repassado ao consumidor. Isso porque o ciclo de produção do frango é curto (pronto para o abate em até 45 dias). De acordo com Santin, a tonelada de soja que custava R$ 650 no início do ano agora varia de R$ 1.350 a R$ 1.400. No caso do milho, o preço de "equilíbrio" da saca deveria estar entre R$ 23 e R$ 26, mas o cereal está sendo vendido por R$ 35.
"Nós temos um problema sério no setor [que causa] impacto na inflação e somos intensivos em mão de obra. Se não tivermos uma resposta imediata, teremos desemprego", frisou Santin. "O repasse de custos nestes níveis pode provocar redução de produção", acrescentou o diretor da Ubabef.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli, que representou as processadoras da soja, assegurou que "não vai haver problema de fornecimento de matéria-prima para indústrias e frigoríficos na área de carne". O farelo de soja está assegurado". Ele disse que a colheita de soja deverá chegar a 81 milhões de toneladas na próxima safra (2012/13) e lembrou que o país vai passar pela primeira vez os EUA na produção de soja. "Mas eles (EUA) vão se recuperar no próximo ano", afirmou.
Por Edna Simão | De Brasília
Fonte: Valor Econômico (15.08.12)