Painel, mediado pela Abras, abordou o uso do RFID no varejo
O 1º Simpósio Brasileiro de Políticas Públicas para o Comércio e Serviços (Simbracs), coordenado pela Secretaria de Comércio e Serviços (SCS) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e realizado em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), fortaleceu as discussões sobre comércio, logística e serviços no Brasil. O encontro, que integra o Plano Brasil Maior (PBM) e o Plano Plurianual (PPA) do governo federal, reuniu autoridades dos setores públicos e privado, em dois dias de eventos (28 e 29/11), em Brasília.
Entre os temas discutidos estavam, por exemplo, consumo consciente e qualidade dos produtos e do atendimento, tecnologia, comércio virtual, entre outros.
Painel, mediado pela Abras, abordou o uso do RFID no varejo
Um dos primeiros painéis do Simbracs tratou das Etiquetas Inteligentes, sobretudo as que fazem o uso da tecnologia de Identificação por Radiofrequência, conhecida pela sigla RFID, do inglês Radio-Frequency Identification. O painel, moderado pelo superintendente da Abras, Tiaraju Pires, mostrou como as novas tecnologias aumentam a eficiência produtiva, reduzem custo e cativam os consumidores. "Não há dúvida de que as novas tecnologias exercem papel fundamental na evolução do comércio e dos serviços. Falamos de um universo altamente competitivo e é impossível ficar à margem das inovações tecnológicas", afirmou Pires, ao dar início aos trabalhos.
A primeira apresentação foi a do diretor da GS1 Brasil (Associação Brasileira da Automação), Roberto Matsubayashi, que falou sobre a tecnologia RFID nas etiquetas. "O uso das etiquetas de RFID não é novidade. É muito comum em sistemas fechados [bilhetes para usuários de transporte coletivo, por exemplo], mas em sistemas abertos é pouco usado." O executivo explicou que a cadeia de abastecimento é um sistema aberto e por isso ainda há dificuldades para a aplicação da tecnologia, sobretudo pela ausência de padrão nas etiquetas em todos os elos da cadeia.
Mas ano após ano as pesquisas avançam e as dificuldades são superadas, o que deixa o mercado otimista quanto à proximidade da implantação da tecnologia. Em alguns itens, mais amigáveis à tecnologia, o uso já traz frutos consideráveis. É o caso da cadeia têxtil. A empresa de varejo no segmento têxtil, Valdac Global Brands, detentora das redes de lojas Siberian, Crawford e Memove é um bom exemplo. Na bandeira Memove, dirigida ao público jovem, a empresa está usando RFID em todas as etapas operacionais: do recebimento à venda.
"Temos ‘caixas rápidos' em nossas lojas em que o cliente [ainda na área de vendas], após provar as roupas, pode, ao sair do provador, jogar as peças que levará em um cesto [com leitores da etiqueta acoplados], ter os preços somados e a possibilidade de pagá-los com cartão de crédito ou débito num pin-pad ao lado do cesto. Depois, é só colocar os produtos na sacola e sair, pois o sistema antifurto é automaticamente desativado", diz o CIO da empresa, Emerson Santangelo.
O segundo exemplo foi o de gestão de estoque e abastecimento das lojas da Força Aérea Brasileira (FAB), cuja aplicação do RFID permitiu à Subdiretoria de Abastecimento do órgão reduzir de 30 para 15 dias o tempo de abastecimento das lojas e de 40 dias para 30 horas o tempo de realização do inventário. "Além disso, reduzimos a mão de obra de quinze pessoas para quatro no centro de distribuição (CD). A rotatividade era um problema para nós e nos fazia perder qualidade, já que o trabalho era feito pelos recrutas e muitos deles entram para o serviço, ficam por um período curto e saem", disse o capitão Robson Teles Peixoto. Segundo ele, o tempo de retorno do investimento nesse caso é de três anos e meio.
Na sequência, foi a vez do chefe da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) explicar como funcionou o uso do RFID para a estocagem e o controle do transporte das provas do Enem (Exame do Ensino Médio) neste ano. A ideia foi garantir a inviolabilidade do material. Segurança também é o foco da ação, ainda a ser implementada, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o secretário-executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e da Anvisa, Ivo Bucaresky, a agência pretende tornar obrigatória a colocação de uma etiqueta com a tecnologia data matrix nos medicamentos comercializados no País, o que permitirá controlar o trânsito de remédios por toda a cadeia, de modo a identificar roubos e também saber a procedência dos produtos.
Veja a cobertura completa do 1º Simpósio Brasileiro de Políticas Públicas para o Comércio e Serviços (Simbracs) em SuperHiper - edição Janeiro 2013.
Reportagem: Wagner Hilário - Subeditor da revista SuperHiper, publicação Abras.