O Departamento de Justiça dos EUA quer barrar a compra da mexicana Modelo pela AB InBev porque o negócio de US$ 20,1 bilhões daria à belgo-brasileira 46% do mercado de cerveja no país e maior poder para elevar preço.
Mas é no país da Modelo que a AB InBev teria maior concentração de mercado.
No duopólio mexicano da cerveja, a Modelo, com suas Corona, Pacifico e Victoria, tem 60% de participação.
Praticamente todo o restante pertence à Cuauhtémoc Moctezuma, adquirida pela Heineken e que tem marcas como Tecate, Dos Equis e Sol.
Como comparação, no Brasil, a Ambev, da AB InBev, tem por volta de 68%.
O cerca de 1% restante do mercado mexicano é das cervejarias artesanais, que já levaram aos órgãos de defesa de concorrência reclamações sobre o duopólio.
Até uma outra gigante das bebidas, a britânica SABMiller, já se queixou às autoridades do México de supostas práticas anticoncorrenciais do duopólio, como pagar a comerciantes para não aceitar outras marcas.
A AB InBev já tem 50% de participação na Modelo, herdada na operação de compra da Anheuser-Busch, em 2008.
Para tentar o aval dos órgãos reguladores americanos, a Modelo propusera vender à sócia Constellation os 50% que tem na joint venture Crown Imports, que distribui nos EUA suas cervejas.
O Departamento de Justiça, no entanto, achou a proposta insuficiente e na semana passada entrou com processo para barrar o acordo.
As autoridades de defesa da concorrência do México, por sua vez, não viram prejuízo ao consumidor e aprovaram em novembro a compra da Modelo pela AB InBev.
A empresa contestou a decisão do governo americano e disse que vai recorrer.
Mas também pode negociar mais compensações ou simplesmente desistir do negócio, segundo analistas.
Fonte: Folha de São Paulo - Mercado (03.02.2013)