Embora o objetivo seja modernizar os tribunais, a instalação do sistema de Processo Judicial eletrônico não facilitou a vida de todos os advogados, com recorrentes queixas de demora nos trâmites e inconstância no acesso. Para aprimorar a mudança do meio físico para o PJe, o Tribunal Superior do Trabalho suspendeu a migração durante o mês de junho. Das 1.384 varas do Trabalho no país, 528 concluíram a implantação do PJe até maio de 2013.
O objetivo da corte é dar uma pausa para receber sugestões da advocacia para evitar a repetição dos problemas. A previsão é que o sistema esteja em 1.178 varas até o fim deste ano. A suspensão temporária atende a um requerimento do ministro lves Gandra da Silva Martins Filho, corregedor-geral da Justiça do Trabalho. A interrupção era necessária, segundo ele, para aperfeiçoar os indicadores estatísticos.
"O PJe é uma aventura, mas é um instrumento, e este só é válido se for útil e eficaz para todos nós", reforçou o presidente do TST, ministro Carlos Alberto Reis de Paula, que assinou dois acordos de cooperação técnica com a Ordem dos Advogados do Brasil. Um deles prevê a incorporação de sugestões dos advogados para o sistema e o outro dá à entidade acesso à base de treinamento do PJe.
As Justiças do Trabalho do Sergipe e de Mato Grosso estão adiantadas, com implantação completa. Já Bahia e Ceará são as regiões de maior atraso - com apenas 11% de implantação. Na Justiça do Trabalho paulista, que reúne a maior quantidade de varas do país (172), o nível de conclusão é inferior a um terço. Em Minas, com o segundo mais alto número de varas (139), a proposta avançou somente 16%. Doze capitais - como São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre - e o Distrito Federal não têm o PJe em nenhuma vara.
Ainda que o ritmo de instalação do PJe esteja mais lento do que o previsto, o progresso desde outubro de 2012 foi significativo. De acordo com o relatório de acompanhamento de instalação do Processo Judicial eletrônico da Justiça do Trabalho, o total de varas instaladas naquele mês era de 76 e, em abril de 2013, saltou para 498 - um aumento de 6,5 vezes.
Transição complexa
Para o juiz Marlos Augusto Melek, do TRT-PR, um dos problemas para informatizar os tribunais era a falta de comunicação entre os programas usados. "Há quase 200 softwares judiciais em funcionamento, mas um não conversa com o outro. Às vezes, dentro do próprio tribunal, o programa usado em primeiro grau não é compatível com o do segundo", relata.
Ele ainda acredita que o sistema eletrônico significou um retrocesso necessário para alguns estados. "O PJe chegou com menos funcionalidades que outros softwares que já existiam. Mas foi um passo atrás para outros dois à frente. Unificar a linguagem, além de levar às regiões onde não havia o sistema, foi importante."
O vice-presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, Germano Siqueira, alerta para as dificuldades causadas pelo grande volume de processos e a sobrecarga dos juízes, além dos entraves tecnológicos. "O cronograma tem que ser menos ansioso e mais atento a essas questões", recomenda.
Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil se reunirão na terça-feira (4/6) com membros do Conselho Nacional de Justiça para analisar 12 ofícios apresentados pela entidade sobre o assunto. Entre as reivindicações está a possibilidade de recorrer ao peticionamento físico em caso de falha do sistema eletrônico.
Veja o cumprimento da implantação do PJe até 17 de maio:
Por Victor Vieira
Fonte: Revista Consultor Jurídico (01/06/2013)