BRASÍLIA - A fatia de produtos industriais importados no consumo nacional avançou de 21% para 21,1% entre o primeiro e o segundo trimestre do ano, alcançando um novo recorde na série histórica do levantamento, informou a Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quinta-feira. A comparação considera o acumulado dos 12 meses anteriores de cada período.
Segundo a pesquisa "Coeficientes de Abertura Comercial", com o avanço, o índice de penetração de importações manteve a trajetória de alta, registrada pelo 13º trimestre consecutivo.
Houve crescimento da participação de produtos importados no consumo nacional em 12 setores da indústria de transformação, principalmente nos segmentos farmacêuticos, químicos, informática, eletrônicos e ópticos.
Uma das explicações, segundo a pesquisa, é a perda de competitividade dos produtos brasileiros, na maior parte dos setores industriais. "No entanto, a alta recente do câmbio, poderá reduzir o ímpeto importador da economia brasileira nos próximos meses, o que favoreceria a recuperação da produção industrial interna, podendo reverter essa tendência", avalia a CNI.
Em relação à exportação, a pesquisa informou que uma menor fatia da produção industrial foi destinada ao mercado estrangeiro no segundo trimestre deste ano, frente aos primeiros três meses. O coeficiente de exportação apresentou retração de 19,5% para 19,2% no período. Essa foi a segunda queda consecutiva.
"A fraca demanda externa pelos produtos industrializados nacionais, em conjunto com as quedas de preço dos produtos exportados, explica a leve perda no coeficiente de exportação do total da indústria no segundo trimestre de 2013", diz a pesquisa.
Os coeficientes de abertura comercial são elaborados em parceria com a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex).
Câmbio vai segurar importações
Se o real se mantiver no patamar mais desvalorizado, a fatia de produtos industriais importados no consumo brasileiro deve parar de aumentar no segundo semestre, prevê a CNI.
"Com o câmbio estável nesse novo patamar é possível que o coeficiente de importações nas próximas pesquisas pare de subir", disse Marcelo Azevedo, economista da CNI.
No entanto, ele ponderou que a taxa cambial deixa o produto importado mais caro sem resolver o problema de baixa competitividade dos manufaturados nacionais em relação aos estrangeiros.
Petróleo puxa queda de coeficiente de exportações
A queda nas exportações de petróleo e gás foi o principal fator para a retração no coeficiente de exportação da indústria, indica CNI. Esse indicador - que mede a parcela da produção industrial que foi destinada ao exterior - recuou de 19,5% para 19,2% entre os três primeiros meses do ano e o segundo trimestre de 2013, de acordo com o levantamento "Coeficientes de Abertura Comercial".
Na mesma comparação, o índice apenas da fatia de exportação de petróleo e gás natural recuou de 70,3% para 63%. Isso contribuiu para o recuo no indicador da indústria extrativa, que caiu de 69,7% para 68,4% no período.
Considerando apenas a indústria de transformações, o coeficiente ficou estável em 15,6% na passagem do primeiro para o segundo trimestre, de acordo com a pesquisa.
"A exportação de petróleo e gás caiu muito. Na indústria de transformação, o índice de exportação ficou estável. O que puxou coeficiente total da indústria para baixo foi a questão da indústria extrativa, em especial petróleo e gás natural, que teve queda na produção também, mas teve retração maior ainda nas exportações", afirmou Azevedo, da CNI.
Por Thiago Resende | Valor
Fonte: Valor Econômico (15.08.2013)