Advogados Trabalhistas reclamam de falhas no Processo Judicial Eletrônico

Leia em 4min

Rio de Janeiro - A Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Rio de Janeiro (OAB-RJ), entrega na terça-feira (5) ao presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ministro Carlos Alberto Reis, um abaixo-assinado com mais de 15 mil nomes de Advogados do Rio de Janeiro, que reivindicam a volta da petição em papel, em face do "apagão" provocado no Judiciário Fluminense pelas falhas no sistema do Processo Judicial Eletrônico (PJE).

 

O presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, ressalta que os advogados não são contrários ao processo eletrônico. "Tudo que vem modernizar a Justiça é positivo". Alega, entretanto, que a Justiça do Trabalho do Rio foi uma espécie de laboratório do PJE nacional criado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).


"E tem sido uma tragédia. O sistema não funciona, é lento. Na maior parte dos últimos meses, ficou fora do ar. Isso está causando um prejuízo enorme aos trabalhadores". A lentidão afeta sobretudo as pessoas que precisam, por exemplo, da rescisão do contrato para dar entrada no seguro-desemprego. "Muitas vezes, ela não tem alternativa para esperar. A situação aqui está ficando insustentável", reclama.


Na semana que vem, o CNJ deverá julgar uma Resolução que prevê a implantação do PJE em todas as áreas da Justiça no país. Felipe Santa Cruz considera que a adoção do PJE por toda a Justiça brasileira será "uma irresponsabilidade". Ele disse que o Rio de Janeiro é o único tribunal de grande porte em que o sistema do CNJ está sendo testado. "E aqui não está funcionando". Ele acredita, porém, que o sistema poderá funcionar como deve, no futuro.


A presidenta da Comissão de Direito e Tecnologia da Informação da OAB-RJ, Anna Amelia Menna Barreto, disse que o não funcionamento do sistema PJE no Rio está abalando a Justiça Trabalhista no estado. "A Justiça está parada", apontou. "Esse sistema do PJE no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Rio não funciona. Ele inviabilizou o acesso à Justiça pelos advogados". O sistema ficou fora do ar durante os últimos 30 dias.


O PJE foi criado pelo CNJ e implementado pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) nas 24 regiões da Justiça do Trabalho no país. Anna Amelia disse que o sistema do CNJ "já mostrou que não funciona". Segundo ela, o Rio de Janeiro "está em coma profundo", porque é o estado que concentra o maior volume de processos trabalhistas instaurados. São 130 mil processos digitalizados, distribuídos por 82 varas na capital e 29 no interior, que vão desde a petição inicial.


Ela informou que Minas Gerais, por exemplo, contabiliza somente 30 mil processos. "Com 30 mil processos, o sistema não dá problemas. Mas com 130 mil processos, o sistema não aguenta o número de acessos. Cai". Também em São Paulo, disse que não ocorrem dificuldades, porque o PJE não começa na fase inicial, de petição. Ele só é acessado quando se trata de executar a sentença de papel, disse Anna Amelia. "Não tem aquela quantidade de gente acessando para entrar com a ação".


A especialista da OAB-RJ disse que o problema verificado no TRT-RJ está ocorrendo porque o sistema do CNJ foi implantado antes de serem efetuados os ajustes necessários. "Eles estão trocando pneu do carro em movimento", criticou. Segundo ela, os entraves que estão ocorrendo significam impedir o acesso do cidadão à Justiça.


Com a queda dos acessos no PJE, as audiências não são feitas e não há distribuição de nenhum processo novo. "Ninguém consegue entrar com processo, que só pode ser feito por meio eletrônico, e ninguém consegue realizar audiência. Os desembargadores de segundo grau estão de braços cruzados, porque os processos não conseguem ser julgados para subir para a segunda instância". Para Anna Amelia, a extensão do PJE a todas as áreas da Justiça no Brasil "será a falência múltipla da Justiça brasileira". O sistema, disse, conseguiu uma unanimidade. "Ninguém gosta. Nem juiz, nem serventuário".


A Agência Brasil tentou, sem sucesso, contato com a assessoria de imprensa do TST, em Brasília. Os sistemas do tribunal estão fora do ar desde a última quarta-feira (30) e assim permanecerão até as 6h do próximo dia 4, para a realização de trabalhos de modernização da rede elétrica no Centro de Dados do órgão. Do mesmo modo, não pôde ser feito contato com o CNJ devido ao feriado no âmbito da Justiça Federal. Procurado também, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria o assunto.


Alana Gandra repórter da Agência Brasil


Edição: Fernando Fraga

 

 

Fonte: Agência Brasil (03.11.2013)

 


Veja também

Quem reduzir consumo de energia terá bônus na conta, diz secretário

Bônus será para quem economizar 10% de energia com relação a 2020   O Brasil passa pel...

Veja mais
Confaz prorroga até 31 de dezembro a isenção de ICMS sobre transporte no enfrentamento à pandemia

Convênios prorrogados também amparam empresas, autorizando que os estados não exijam o imposto por d...

Veja mais
Mapa estabelece critérios de destinação do leite fora dos padrões

PORTARIA Nº 392, DE 9 DE SETEMBRO DE 2021   Estabelece os critérios de destinação do le...

Veja mais
Empresa não deve indenizar por oferecer descontos apenas a novos clientes

Não há vedação legal para que fornecedores de serviços ofereçam descontos apen...

Veja mais
Justiça do Trabalho é incompetente para execução das contribuições sociais destinadas a terceiros

A 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ), ao julgar um agravo de petiç&...

Veja mais
Corte Especial reafirma possibilidade de uso do agravo de instrumento contra decisão sobre competência

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolheu embargos de divergência e reafirmou o entend...

Veja mais
Partidos questionam MP sobre remoção de conteúdo das redes sociais

Seis legendas buscam no STF a suspensão dos efeitos da norma assinada pelo chefe do Executivo federal.   O...

Veja mais
Consumo das famílias cresce 4,84% em julho, diz ABRAS

Cebola, batata e arroz foram os produtos com maiores quedas no período   O consumo das famílias bra...

Veja mais
Lei que prorroga tributos municipais na epidemia é constitucional, diz TJ-SP

Inexiste reserva de iniciativa de projetos de lei versando sobre matéria tributária, a teor do dispos...

Veja mais