Governo aperta regra de tributo de múltis

Leia em 2min 40s

MP publicada ontem encurta prazo para pagamento de impostos devidos de oito para no máximo cinco anos
Texto também eleva descontos para quem refinanciar dívidas; meta é arrecadar até R$ 12 bilhões a mais

 

 

A aguardada alteração na tributação de lucros de filiais de empresas brasileiras no exterior foi editada pelo governo com condições piores para as empresas em relação ao que havia sido anunciado.


As regras diminuem o prazo de parcelamento de impostos e elevam o valor a ser pago no primeiro ano ante a proposta original.


A medida provisória nº 627, publicada ontem, prevê que as empresas terão que pagar 25% do imposto devido logo no primeiro ano após a apuração do lucro, mesmo que os recursos não tenham sido trazidos para o Brasil.
Nos três anos seguintes, o tributo é pago na medida em que os recursos forem sendo internalizados. No quinto ano, a companhia deverá pagar todo o tributo restante.


Na proposta apresentada anteriormente pelo Ministério da Fazenda, o imposto poderia ser parcelado em até oito anos, sendo as sete primeiras parcelas de 2,5% do tributo, e a oitava, de 82,5%.
Hoje, 100% do imposto tem que ser pago no ano seguinte à apuração do lucro.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, disse que o novo modelo é mais equilibrado entre o fluxo de recurso e o pagamento de impostos.


Conforme havia sido anunciado antes, a nova legislação permitirá que as empresas abatam seus prejuízos em determinadas filiais do lucro obtido em outras, reduzindo assim o imposto devido.
Isso será permitido, inicialmente, por apenas quatro anos. O maior temor da Receita é que a consolidação dos resultados permita que as empresas "gerem" prejuízos para compensar lucros.
De acordo com a Fazenda, o prazo foi estabelecido porque diversos países estão discutindo mudanças nas suas normas de tributação e o governo quer observar que regras vão prevalecer.


A Receita cobra cerca de R$ 70 bilhões das multinacionais brasileiras pelo não pagamento de imposto sobre o lucro no exterior. Muitas empresas entraram na Justiça.
Na MP editada ontem, o governo melhorou as condições do Refis para o pagamento dos impostos devidos, oferecendo descontos maiores nas multas, elevando o prazo de parcelamento e permitindo abater prejuízos.
A Receita prevê arrecadar de R$ 7 bilhões a R$ 12 bilhões a mais com esse e dois outros programas de pagamento especial de dívidas tributárias.


Reação


Algumas empresas estão insatisfeitas com as novas regras. O principal problema é que a MP não respeita os acordos internacionais assinados pelo Brasil para evitar a bitributação. A empresa terá que pagar o imposto do país onde se instalou e, se for inferior aos 34% cobrados no Brasil, pagar a diferença aqui.
O assunto provocou uma saia justa ontem com o vice-presidente Michel Temer, que participava da inauguração de uma nova fábrica da BRF em Abu Dhabi.


O presidente da BRF, Claudio Galeazzi, disse a Temer que as empresas perdem competitividade no exterior com a nova MP e que terão que repensar investimentos.


Mariana Schreiber de Brasília


Colaborou Raquel Landim, de São Paulo

 

 

Fonte: Folha de São Paulo (13.11.2013)

 


Veja também

Quem reduzir consumo de energia terá bônus na conta, diz secretário

Bônus será para quem economizar 10% de energia com relação a 2020   O Brasil passa pel...

Veja mais
Confaz prorroga até 31 de dezembro a isenção de ICMS sobre transporte no enfrentamento à pandemia

Convênios prorrogados também amparam empresas, autorizando que os estados não exijam o imposto por d...

Veja mais
Mapa estabelece critérios de destinação do leite fora dos padrões

PORTARIA Nº 392, DE 9 DE SETEMBRO DE 2021   Estabelece os critérios de destinação do le...

Veja mais
Empresa não deve indenizar por oferecer descontos apenas a novos clientes

Não há vedação legal para que fornecedores de serviços ofereçam descontos apen...

Veja mais
Justiça do Trabalho é incompetente para execução das contribuições sociais destinadas a terceiros

A 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ), ao julgar um agravo de petiç&...

Veja mais
Corte Especial reafirma possibilidade de uso do agravo de instrumento contra decisão sobre competência

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolheu embargos de divergência e reafirmou o entend...

Veja mais
Partidos questionam MP sobre remoção de conteúdo das redes sociais

Seis legendas buscam no STF a suspensão dos efeitos da norma assinada pelo chefe do Executivo federal.   O...

Veja mais
Consumo das famílias cresce 4,84% em julho, diz ABRAS

Cebola, batata e arroz foram os produtos com maiores quedas no período   O consumo das famílias bra...

Veja mais
Lei que prorroga tributos municipais na epidemia é constitucional, diz TJ-SP

Inexiste reserva de iniciativa de projetos de lei versando sobre matéria tributária, a teor do dispos...

Veja mais