Pagamentos feitos por dispositivos móveis dão os primeiros passos no Brasil e prometem aposentar em breve outras formas de quitar as contas
O smartphone se tornou tão vital ao cidadão moderno quanto a carteira e a chave de casa. E, aos poucos, transforma em dispensável pelo menos um desses outros itens. Se o uso de aplicativos para trancar e destrancar a casa à distância ainda é incipiente, a adaptação de celulares como cartões de crédito ou extensões dos bancos já está disponível.
No Brasil, o chamado mobile payment (pagamento móvel), ou simplesmente M-Payment, o pagamento feito por dispositivos como smartphones e tablets, dá os primeiros passos. O mais comum é o uso de aplicativos capazes de fazer leitura de código de barras em boletos e providenciar o pagamento - dispensando a amargura de digitar número a número. Outra opção cada vez mais usada são apps de lojas para encomendar eletrônicos e roupas. Conforme pesquisa da E-bit, a participação dos dispositivos móveis nas compras online quase dobrou em 2013, passando de 2,5% para 4,8% do total.
- Há fatores que aceleram este movimento, como a venda de 36 milhões de smartphones no ano passado (alta de 123% sobre 2012), que amplia a base de usuários, e o movimento de varejistas para lançar aplicativos para dispositivos móveis - avalia Alexandre Campos Silva, diretor de consultoria da IDC Brasil.
Bancos e operadoras apressam o desenvolvimento de canais para pagamento móvel conforme potenciais usuários se multiplicam pelo ambiente virtual. Surgem no mercado serviços que permitem deixar o cartão de crédito em casa e usar apenas o smartphone para ir às compras. Funciona assim: na hora de acertar a conta, o cliente recebe um torpedo em seu celular e digita a senha para autorizar o pagamento, registrado em um cartão previamente cadastrado. A opção permite, por exemplo, que o usuário faça um pedido de telentrega e autorize o pagamento quando receber a encomenda em qualquer lugar.
- Num futuro próximo, as atividades do dia a dia das pessoas, o que inclui os hábitos de pagamento, irão convergir para o ambiente mobile - projeta Luiz Henrique Didier Junior, diretor de Canais e Inovação da Cielo, que desenvolve programas de pagamento móvel.
Já existem regras para operações sem banco
Conforme as facilidades começam a brotar no comércio brasileiro, o cenário de normas se redesenha. Em novembro do ano passado, o Banco Central e o Conselho Monetário Nacional editaram regras para transações e pagamentos sem a intermediação de instituições financeiras.
Na prática, se abriu espaço para a implantação de tecnologias que podem facilitar o pagamento móvel, como transferências financeiras entre telefones móveis e opções ligadas ao Near Field Communication (NFC, ou comunicação em área próxima) - já comuns em países desenvolvidos, em que consumidores pagam as compras aproximando o smartphone de uma máquina para capturar transações.
Quando desembarcarem no Brasil, tecnologias como essas deixarão eufóricos usuários como Darcy Buss Neto, 25 anos, especialista em informática. Graças ao smartphone, Darcy passou a dispensar a ida ao banco para pagar contas e fazer transferências, e reduziu consideravelmente as visitas aos shoppings: compra eletrônicos e itens de informática em aplicativos das lojas.
- Tecnologias como o NFC agilizam filas, dispensam a necessidade de se carregar cartões de crédito e poupam tempo valioso na hora da compra. São funções que só vêm ajudar - afirma.
Erik Farina
Fonte: Zero Hora (20.04.2014)