Em evento em Minas Gerais, ministro da Fazenda também repetiu que espera para maio aprovação da Reforma da Previdência na Câmara
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta terça-feira, 16, em palestra a empresários na cidade de Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, que o governo não tem plano para realizar correções na tabela de Imposto de Renda.
Nesta segunda-feira, 15, o presidente Michel Temer disse, em coletiva a emissoras regionais de rádios, que "apreciaria muitíssimo" corrigir a tabela do IR para Pessoa Física como medida para impulsionar a economia. No entanto, ele considerou que o tema seria "muito complicado".
"(Mudar a tabela do IR) não está em discussão no momento", destacou Meirelles na tarde desta terça-feira. "Foi uma ideia ventilada. É uma coisa que seria positiva para as pessoas que estão naquela faixa de renda. Por outro lado, precisa ver o custo disso para a economia, para a sociedade. No momento, não há um plano concreto de se fazer nada nesse sentido", disse.
Atualmente, a faixa de isenção do IR é limitado a pessoas com rendimento mensal máximo de R$ 1.913,98.
Previdência. Ainda em Nova Lima, Henrique Meirelles disse que acredita que a reforma da Previdência será aprovada na Câmara dos Deputados até o final de maio. Segundo ele, apesar das alterações feitas na proposta original, o texto ainda mantém 70% de eficácia fiscal do que foi projetado inicialmente pelo governo federal.
Meirelles afirmou não acreditar em novas alterações na proposta. "Temos relativo grau de segurança que vai ser aprovada (a reforma). Por quê? Porque todos sabemos que é fundamental para que o País volte a crescer", disse.
Na palestra, o ministro contou ter sido questionado sobre o motivo de a maior parte da população ser contra a reforma. "Eu disse: é muito simples. Se alguém chega para você e pergunta: 'você é favorável que seja retirado um direito seu?' Não. Agora vamos colocar a pergunta verdadeira: 'o quê é mais importante, todos receberem a aposentadoria numa idade um pouquinho mais jovem, ou ter certeza de que pode trabalhar uns poucos anos, um, dois três, quatro, cinco anos e receber a aposentadoria", questionou.
O ministro lembrou que outros países tiveram dificuldades para pagar aposentadorias. "Tiveram que restringir muito porque não havia dinheiro para pagar. Felizmente estamos longe disso". Segundo Meirelles, o brasileiro se aposenta cedo, na comparação com a população de outros países. "A média no México, que tem condições econômicas parecidas com as do Brasil, é de 71 anos. Na Índia, 66, nos Estados Unidos, um pouco menos, 64. No Brasil, 59", afirmou.
A justificativa para isso, de acordo com o ministro, é que o sistema previdenciário do País é de décadas atrás, "quando o brasileiro vivia muito menos". "Qual a vantagem? Que o brasileiro vive mais. Por outro lado, passa mais tempo aposentado. Tem que ajustar", justificou.
Leonardo Augusto, Especial para O Estado de S.Paulo, O Estado de S.Paulo
Fonte: Estadão (16.05.2017)