O Ministro da Economia, Paulo Guedes, entregou ao Congresso Nacional nesta terça-feira (21) o primeiro texto do Governo Federal destinado à reforma do Sistema Tributário. A proposta institui a Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços (CBS), imposto que substituirá o PIS/Pasep e a Cofins.
Guedes entregou o Projeto em mãos aos Presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Ele será incorporado à tramitação das duas iniciativas que já estão em andamento (PEC 45/2019, da Câmara, e PEC 110/2019, do Senado).
A proposta do Governo é que a CBS seja um imposto não-cumulativo, ao contrário do PIS/Pasep e da Cofins. Atualmente, esses tributos — que incidem sobre receitas e faturamentos de empresas — são, na maioria dos casos, cumulativos, o que significa que eles incidem sobre o valor total em todas as etapas da cadeia de produção ou de comercialização, inclusive sobre o próprio pagamento do tributo na etapa anterior.
Já um tributo não-cumulativo incide apenas sobre o valor agregado de cada etapa. Na prática, essa característica é operacionalizada através de um sistema de créditos e débitos tributários que compensa as diferenças registradas na documentação fiscal.
A CBS terá uma alíquota única de 12% e terá como base de cálculo a receita bruta das empresas.
Primeira parte
Guedes destacou que a proposta da CBS é apenas a primeira parte da contribuição do Governo para a Reforma Tributária, e que eventualmente serão enviados novos textos sobre outros tipos de impostos. A ideia é oferecer ao Congresso Projetos de Lei simples cujo conteúdo possa ser acoplado às PECs já existentes durante as discussões.
Além do PIS/Pasep e da Cofins, Guedes antecipou que o Governo sugerirá mudanças no Imposto de Renda (IR) e no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), além de uma proposta para a tributação de dividendos. O Ministro não mencionou a criação de um imposto sobre movimentações financeiras, tema que não é bem recebido pelos Parlamentares.
Guedes também defendeu um modelo dual de tributação sobre valor agregado: parte na esfera federal, com a nova CBS, e parte nos estados e municípios, com reformulação do ICMS (estadual) e o ISS (municipal). Ele destacou que os parlamentares devem sugerir mudanças sobre esses dois impostos.
— Cabe ao Congresso legislar as relações entre os entes federativos. Eu não posso invadir os territórios dos Prefeitos e Governadores. Nosso apoio é total ao acoplamento desses impostos.
Colaboração
O Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou que a chegada do Governo às discussões da reforma tributária é uma “data histórica” para o país, porque simboliza a união entre o Executivo e o Legislativo para solucionar um problema “que aflige todos os brasileiros”.
— Sempre pregamos que era fundamental termos uma reforma tributária que representasse os desejos do governo e do Congresso e o anseio histórico dos brasileiros. Um emaranhado de legislações, Portarias e Resoluções complicam vida de investidores. Teremos a oportunidade de construir um novo ambiente, propicio para o desenvolvimento.
O Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pediu aos críticos da reforma que procurem entender o texto e seus objetivos e discutam-no “com base no que está redigido". Ele também garantiu que a proposta do Governo tem “muita convergência” com as PECs formuladas pelo Congresso.
— Independente do que vai ser aprovado, o importante é que possamos avançar em conjunto numa Reforma que dê segurança jurídica para o setor produtivo investir no Brasil e gerar emprego e renda.
Comissão mista
A chegada do texto do Governo abre caminho para o avanço da Reforma Tributária no Congresso. A Comissão mista que trata do assunto teve suas atividades interrompidas devido à pandemia da covid-19 e ainda não tem data para retornar.
Proposições legislativas
Fonte: Agência Senado – 21/07/2020.