Segundo painel do dia teve patrocínio da Diageo Brasil e discutiu formas mais conscientes de usar e reutilizar os produtos
O segundo painel do Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento abordou a política nacional de resíduos sólidos traz dois desafios: conscientizar os consumidores sobre a separação dos resíduos, fazendo o descarte correto; e a coleta seletiva dos resíduos sólidos. Liderando o grupo, Marcos Antonio de Barros, presidente da ABRE (Associação Brasileira de Embalagens). Victor Bica, presidente da ABIR (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não-Alcoólicas), Juliana Durazzo Marra, presidente da ABIPLA – (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Semeantes de uso doméstico e de uso profissional), Katielle Haffner, relações corporativas da Coca-Coca; Brasil, Camila Valverde, diretora de impacto da rede Brasil do Pacto Global da ONU, Guilherme Canielo, Relações Insittucionais da ABRALATAS (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio); Sabrina Andrade dos Santos Lima, Coordenadora Geral de Resíduos do Ministério do Meio Ambiente e Fabrício Soler, Sócio Felsberg Adv. contribuíram para o andamento do debate.
Já na apresentação, Barros falou sobre as iniciativas empresariais para educar os cidadãos sobre o consumo consciente e a economia circular. Uma delas, realizada em parceria entre ABRAS, ABRE e Ceagesp, desenvolveu embalagens especiais para transporte os itens de hortifruti que, além de poderem ser reaproveitadas, protegem os alimentos de danos.
Iniciativas positivas
Para introduzir a ação da ABIR, foi apresentado um vídeo mostrando que, cada pessoa, gera cerca de 365 kg de resíduos por ano, sendo que de todo o lixo produzido, 33% é de embalagens reciclaveis. Assim, o descarte adequado já teria impacto significativo na quantidade de resíduos sólidos. Porém, apenas 30% dos brasileiros tem o hábito de fazer a seleção dos itens em descarte, e muitos deles não tem acesso à coletiva seletiva. Nesse cenário, Victor Bica ressaltou os índices de reciclagem e retorno das embalagens pet, que chegam a incríveis 70%.
Representante do Ministério do Meio Ambiente, Sabrina ressaltou que um grande desafio é reconquistar a confiança do cidadão de que, a coleta seletiva realizada por órgãos públicos, será efetiva até o final da cadeia. “Se não tivermos a confiança do cidadão, não adianta ter um processo de coleta seletiva e logística reversa eficientes, pois as pessoas não vão contribuir”, analisou. “O poder público tem a responsabilidade da regulamentação – e de dar o exemplo, fazendo o plano de gerenciamento de resíduos, separar os resíduos dentro dos órgãos públicos, destinar os recicláveis para as cooperativas e fazer compras sustentáveis, entre outros pontos. E incentivar que a indústria recolha o item anterior quando for entregar o novo – isso vale para eletro-eletrônicos, para lâmpadas e outros”, enumerou.
Reciclamos juntos, campanha desenvolvida pela ABRAS, e a Lupinha, da ABRE, também foram apresentadas. Ambas trazem o incentivo à atitude consciente e coleta seletiva. A ABRALATAS mostrou o porte do setor de latas de alúminio no Brasil, o 3º maior do mundo, e recordista em reciclagem no país, onde cerca de 98% do que é produzido, volta à linha de produção, conseguindo absorver todo o volume que coloca no mercado. “Esse exemplo de economoia circular gera U$ 1 bilhão de economia todos os anos”, comemorou Guilherme Canielo.
Katielle Heffner trouxe as iniciativas da Coca-Cola, a mais surpreendente é o case da Sprite: a empresa alterou a cor da resina das embalagens, de verde para branca, de forma que os catadores pudessem ganhar mais com a coleta e encaminhamento para reciclagem. Isso foi feito sem custo adicional para a empresa, porém teve resultado importante nas finanças desses trabalhadores informais, que deixavam de reciclar as garrafas pets de cor verde por terem menor valor no mercado de reciclagem. Além disso, o parque fabril da água Crystal também está envolvido na economia circular.
Sinais de alerta
Dado alarmente levantado por Fabrício Soler pontua que dos 5570 municípios, aproximadamente 2700 enviam todos os resíduos para os lixões, que deveriam ter sido eliminados em 2021. “Mesmo animado com toda a discussão sobre ESG e o descarte de resíduos sólidos, os municípios ainda têm muito a fazer no território nacional. Esse é um cenário que não devia mais existir pois esses ambientes contaminam o solo e a água e comprometem a saúde pública”, disse. Ao mesmo tempo, pipocam em todo o país diversas ações de logística reversa, com excelente resultado e alcance. “Precisamos ter um olhar sistêmico, abrangendo o meio ambiente, o social, o tecnológico e tudo o mais”, pontuou. Ele reiterou que a economia circular, uma das melhores soluções para o tema, já consta do Plano Nacional de Resíduos Sólidos de 2022 dando direcionamento à legislação brasileira. “Não dá para tributar materiais reciclados da mesma forma como tributam os materiais verdes. Precisamos rever essa política”.
Para conhecer mais sobre as iniciativas apresentadas – como as coletas realizadas no Carnaval e o Rock in Rio em 2023, e conferir os detalhes do debate, é só acessar à gravação no painel disponível no YouTube da ABRAS.
Redação SuperHiper