Presidente da Abras aguarda até cinco credenciadoras até o final do ano, o que deve trazer mais competição e corte nas tarifas
O Banco Central avalia que as mudanças no setor de cartões vieram para ficar, mas ainda não é possível um diagnóstico do que ocorreu nesses primeiros dias de abertura de mercado, após 1º de julho. Os supermercadistas, grandes clientes das empresas de cartões, têm a mesma opinião. “Esse é o início. A engrenagem começou a girar. Na medida em que aparecer um novo credenciador no mercado, o lojista passa a ter condições de negociar o melhor preço”, afirma José Antonio Marciano, chefe de operações bancárias e de sistemas de pagamento do Banco Central. “Nesses 20 dias, percebemos um movimento por parte das empresas de cartões”, diz Sussumu Honda, presidente da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras).
Segundo Marciano, no setor de cartões os varejistas não tinham como buscar o melhor preço e repassar para o consumidor. “Quando se muda a infraestrutura, o setor fica mais competitivo.” A mudança a que se refere o diretor do BC é o fim da exclusividade de operações entre a bandeira internacional Visa e a adquirente Cielo. A Visa assinou no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão do Ministério da Justiça, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) em que se comprometeu a acabar com a exclusividade de atuação com a Cielo em 1º de julho. “A interoperabilidade entre Visa, Mastercard, Cielo e Redecard está funcionando. É só passar o cartão. Eu já testei e funcionou”, afirma Marciano.
Honda, da Abras, diz esperar maiores mudanças quando novas adquirentes entrarem no setor. “Tínhamos apenas duas empresas e até o final do ano devem ser cinco”, prevê. O mercado estava dividido entre a Cielo e a Redecard. Agora, há também o banco Santander atuando no segmento, em parceria com a GetNet; e até o final do ano o Banco do Brasil e o Bradesco irão colocar em operação sua bandeira Elo. “Se você tem duas empresas apenas, limita a competição”, afirma Honda. E essa competição, segundo ele, é que vai trazer à tona a “grande discussão” no setor: a cobrança de taxas pelas companhias.
O presidente da Abras que a média paga como taxa de desconto na modalidade crédito varia de 2,0% a 2,5%. Ele destaca, no entanto, a segurança proporcionada nas vendas por meio dos plásticos. “O cartão tem um custo, mas não tem inadimplência. Mesmo quando há alguma fraude, as empresas bancam a transação. O cheque, por sua vez, tem uma taxa de inadimplência muito alta”, avalia. “E a liquidez do cartão é parecida com a do papel moeda.”
Sobre as taxa do setor, Marciano, do BC, afirma que, tanto a de intercâmbio – cobrada nas operações entre os bancos e as adquirentes – quanto a de administração – cobrada dos varejistas pelas operadoras/adquirentes – passaram por uma trajetória de alta de 2003 a 2007, mas têm recuado de 2008 para cá.
Veículo: Portal IG